O ministro da Educação lembrou que em Portugal as escolas foram as últimas a fechar neste confinamento e que deverão ser uma prioridade na reabertura logo que existam condições. “As escolas terão de ser as primeiras a abrir quando houver segurança”, frisou Tiago Brandão Rodrigues no Fórum TSF, esta segunda-feira, dia que marca o regresso às aulas online.
Já ao final da manhã, depois da visita a uma escola em São Brás de Alportel, o ministro voltou a frisar que é “urgente” voltar ao ensino presencial, mas que é preciso aguardar até que a situação epidemiológica melhore. “Só podemos voltar com segurança e quando as condições sanitárias assim o permitam”, afirmou aos jornalistas, acrescentando que a reabertura deverá começar “pelos mais pequenos que são os que têm menos autonomia”.
“Temos de ter a sensatez de que existe agora um bem maior que é a saúde pública”, reiterou, no Fórum TSF. “Mas há um conjunto de outras questões como a socialização, ensino e aprendizagem dos mais novos” com muita importância. A decisão sobre a reabertura das escolas dependerá da avaliação que os epidemiologistas fizerem esta semana, nomedamente através da reunião no Infarmed prevista para esta terça-feira. “Esperamos que existam as condições para abrirmos o mais rápido nas escolas.”
O ministro fez ainda referência ao impacto do confinamento na diminuição de casos de covid-19. “Temos visto que a reversão da curva aconteceu, até antes de as escolas estarem encerradas ou no primeiro ou segundo dia do encerramento das escolas. Sabemos que não há uma implicação formal”, indicou o ministro, admitindo, porém, que o fecho dos estabelecimentos de ensino permitiu diminuir a circulação da população.
Sobre o atraso na distribuição de computadores e questionado sobre o impacto desse atraso no sucesso do ensino à distância, Tiago Brandão Rodrigues admitiu os problemas, mas disse confiar no trabalho das escolas, que têm "sempre encontrado solução para dar respostas às famílias”. Ainda assim, o ministro referiu que “há dezenas de alunos que não têm sequer uma secretaria para pôr o computador” em casa, pelo que “por muito que os alunos tenham boas máquinas e internet não conseguem ter um processo pedagógico” eficaz.
“Não podemos normalizar ou sobrevalorizar o ensino a distância”, ressalvou, sublinhando que “por muito que existam computadores” nada substitui ter os alunos e os professores nas escolas. “Os computadores não são o alfa e o ómega do processo educativo.”
O ministro lembrou que as escolas de acolhimento continuam a estar disponíveis para filhos de trabalhadores essenciais e que os “alunos em risco de abandono ou sinalizados pelas CPCJ” estão a ser acompanhados. Nas escolas de acolhimento, estão a ser realizados testes rápidos à covid-19, embora haja “um número muito reduzido de alunos”.
Em relação à sobrecarga horária, o Ministério da Educação enviou às escolas um conjunto de informação sobre a gestão de tempo. “A diversificação de metodologias ao longo das aulas é muito importante”, sublinhou o ministro, confiante de que as escolas e os professores encontrarão soluções adaptadas a cada nível de aprendizagem.
Admitindo que as escolas e o Ministério da Educação ainda têm “muito trabalho” a fazer nestas semanas e reconhecendo a dificuldade das famílias em conciliar o teletrabalho com as aulas online dos filhos, Brandão Rodrigues lembra que o ensino à distância é “um compromisso” face à situação epidemiológica atual e reforça: “Nada substitui o ensino presencial”.
Texto atualizado às 12h39
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ralbuquerque@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes