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“Deixem as crianças que têm condições ficar em casa, mas as mais desfavorecidas têm de voltar à escola”: um retrato do ensino à distância

“Deixem as crianças que têm condições ficar em casa, mas as mais desfavorecidas têm de voltar à escola”: um retrato do ensino à distância
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Há casas onde chove, outras nem têm chuveiro. As regiões onde há mais crianças a viverem em condições pouco favoráveis para estudar à distância são o Algarve e Trás-os-Montes. A poucos dias da retoma das aulas, um grupo de investigadores reuniu vários dados sobre as condições de vida e o desempenho escolar para “mostrar que há muitas crianças numa situação em que não podem fazer ensino à distância”. “Isto é um apelo para evitar que daqui a uns anos tenhamos uma geração completamente escavacada”, alerta a economista Susana Peralta, uma das autoras do relatório

“Deixem as crianças que têm condições ficar em casa, mas as mais desfavorecidas têm de voltar à escola”: um retrato do ensino à distância

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

Quase 26% das crianças portuguesas vivem numa casa em que entra água pelo telhado ou em que as paredes e chão estão húmidos e em que as caixilharias das janelas estão podres. A 13% de menores de 12 anos falta aquecimento adequado e para perto de 10% a luz que têm não é suficiente. Umas vivem em casas sobrelotadas (mais de 15%), outras estão inseridas em zonas com crime, violência ou vandalismo. É esperado que, na próxima segunda-feira, estas crianças retomem as aulas, quase todas à distância, a partir de casa.

Este dados são parte das informações reunidas por cinco investigadores da Nova School of Business and Economics, que divulgaram esta quinta-feira o relatório “Crianças em Portugal e ensino a distância: um retrato”. “Pretendemos aduzir elementos que alertam para a importância de, durante a vigência do ensino não presencial, manter nas escolas os alunos identificados nos pontos (i) a (iii)” da resolução do Conselho de Ministros nº 53-D/2020, que define “medidas excecionais de organização e funcionamento dos estabelecimentos de educação”. Ora os tais pontos a que os investigadores se referem são alunos que beneficiam de ação social escolar, que estão sinalizadas pelas comissões de proteção de crianças e jovens e ainda para todas aquelas que a escola considere ser ineficaz o regime de ensino à distância.

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