A guerra comercial travada entre países e farmacêuticas está a causar alterações no ritmo de vacinação programado pelos países. Entre os países ricos há os que dispõem de maior número de doses e têm acesso aos lotes antes dos outros compradores, como é o caso dos EUA por comparação à União Europeia (UE); ainda que o grande desequilíbrio seja entre ricos e pobres, desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Segundo dados reunidos pelo instituto Duke Global Health Innovation, publicados no jornal espanhol, “El País”, nos países ricos os governos compraram 4,1 mil milhões de vacinas para 1,2 mil milhões de pessoas; enquanto os países pobres encomendaram 713 milhões para 3,5 mil milhões de pessoas, esperando receber mais 1110 milhões através do programa mundial Covax. Ou seja, um cidadão de um país rico tem direito a 3,4 doses, enquanto só um em cada dois habitantes de um país pobre poderá ser inoculado contra o coronavírus.
A compra de mais vacinas do que aquelas que são necessárias, opção que a UE tomou, procurava acautelar alguns percalços e perdas, mas também fazer baixar o preço de cada unidade. Ficava a promessa de partilhar as sobras com os países mais pobres. Mas não é o que está a acontecer. A UE não tem vacinas suficientes para os seus 27 membros, já que diz que não está a conseguir que a farmacêutica AstraZeneca cumpra o contrato assinado em agosto do ano passado.
A UE previa comprar à AstraZeneca mais de 300 milhões de vacinas para os 27 membros, e tinha a opção de reforço de 100 milhões. Até ao momento, não chegaram tantas doses quanto as esperadas, e a luta entre a UE e a farmacêutica fez com que a empresa publicasse o contrato, depois da Europa lhe ter exigido transparência. O conflito começou quando a farmacêutica informou a UE de que só entregaria 31 milhões de vacinas do lote de 80 milhões que estava acordado fornecer nesta primeira fase, devido a “problemas de produção”. Mas há suspeita de que se está a vender a quem dá mais.
No domingo, o jornal “El País”, garantia que “Espanha tinha vacinado 3,1%”. Este sábado, foi anunciada a vacinação em Portugal já com a segunda dose de 68.385 pessoas e a inoculação de uma primeira dose em 268.385. Uma percentagem pequena, comparada com os restantes países europeus, liderados pela Sérvia e por Malta, ambos com 6%. Francisco Ramos, responsável pelo plano de vacinação, já avisou que não serão vacinadas até ao final de março 1,3 milhões de pessoas, como foi anunciado. Esse número será atingindo em final de abril, e chegarão a Portugal no dia 9 de fevereiro mais 113 mil doses. O responsável espera terminar o ano com 30 milhões, dando assim a possibilidade de serem vacinados todos os que queiram.
Nesta corrida à imunidade ao coronavírus é Israel que ganha, com 53,5%. Seguem-se os Emirados Árabes Unidos com 30,4%. Os Estados Unidos e o Reino Unido também vão à frente, com 8,3% e 12,3%. E é a China que galopa para atingir os 50 milhões antes dos festejos da passagem de ano novo chinês, que acontecerá a 12 de fevereiro.
O Japão será o último dos países desenvolvidos a avançar para a vacinação já que esperam o resultado de testes feitos na população japonesa. Situação que poderá prejudicar a realização dos Jogos Olímpicos.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cmargato@expresso.impresa.pt