Coronavírus

Covid-19. INEM nega ter pedido doses extra de vacina, mas diz que vacinou funcionários não previstos inicialmente com as sobras

Covid-19. INEM nega ter pedido doses extra de vacina, mas diz que vacinou funcionários não previstos inicialmente com as sobras
HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Em comunicado, o organismo que foi acusado de ter vacinado funcionários não prioritários assegura que cada frasco dá para mais de cinco doses e que dessas sobras foi possível extrair mais 92 doses

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) nega ter pedido às autoridades de saúde mais doses da vacina do que aquelas que eram necessárias para vacinar os funcionários prioritários. Em comunicado enviado às redações esta quinta-feira, depois das acusações de ter dado a vacina a funcionários não prioritários, o INEM garante que nesses casos foram usadas apenas sobras.

“O INEM nega que tenham sido solicitadas vacinas para outros profissionais que não os prioritários e refuta todas e quaisquer acusações de favorecimento pessoal neste processo”, pode ler-se na nota. “O INEM fez uma gestão rigorosa e transparente das vacinas que recebeu, priorizando os profissionais de acordo com o preconizado no Plano Nacional de Vacinação e identificando todos os vacinados junto da taskforce (o que foi feito no final de cada um dos cinco dias da vacinação), não desperdiçando doses da vacina, o que, isso sim, seria inconcebível.”

Na nota enviada às redações, o INEM assegura que pediu vacinas apenas para os funcionários considerados prioritários de acordo com o Plano Nacional de Vacinação, tendo recebido 1.174 doses, que foram administradas em quatro pontos do país: Porto, Coimbra, Lisboa e Faro. Quando, a 4 de janeiro, arrancou o processo, foram excluídos, tal como indicam as normas da Direção-Geral da Saúde, todas as pessoas que apresentassem “contraindicações, com diagnóstico ou presença de sintomas de COVID-19”.

“Paralelamente, aquando da administração da vacina, conforme inclusivamente descrita por outras entidades, verificou-se que, para muitos dos frascos-ampola, seria possível extrair uma dose adicional, além das cinco previstas inicialmente”, lê-se na nota.

Explicando que nem de todos os frascos foi possível extrair a tal dose extra e quem nem todos os funcionários estavam disponíveis para se deslocarem aos locais de vacinação (“a necessidade de garantir a permanente operacionalidade dos meios de emergência”), e lembrando também que quando descongelada a vacina tem de ser usada em 120 horas, o INEM diz que assim “foi possível administrar as doses sobrantes aos profissionais do INEM que dão suporte à atividade de Emergência Médica, para evitar o desperdício destas”.

“Desta forma, para além das 1.174 vacinas solicitadas, foi possível administrar mais 92 doses”, pode ler-se no comunicado. “As vacinas solicitadas foram administradas a todos os profissionais prioritários que aceitaram ser vacinados. Aos profissionais não prioritários foram administradas as doses sobrantes, que não poderiam ser cedidas a outras entidades e cuja alternativa seria a inutilização.”

Os 12 frascos que nunca chegaram a ser abertos, sublinha o INEM, foram cedidos a dois Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) da região centro e sul, “após confirmação de que existiam condições logísticas para essas vacinas serem administradas dentro das poucas horas disponíveis de acordo com os prazos estipulados”.

Esta quinta-feira, a Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC) denunciou, através de um comunicado, a vacinação de profissionais não prioritários no INEM. De acordo com a acusação, o presidente do INEM, Luís Meira, “contrariou as indicações do Ministério da Saúde e vacinou dezenas de profissionais não-essenciais e que não são profissionais de saúde”.

Segundo o documento, o presidente do INEM “requisitou dezenas de vacinas a mais para imunizar funcionários do instituto, prestadores de serviços e colaboradores externos, parte dos quais seus amigos pessoais, violando as indicações do plano de vacinação” contra a covid-19.

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