A AstraZeneca anunciou nos últimos dias que haverá uma quebra na distribuição de vacinas e a Comissão Europeia reagiu, pedindo àquela farmacêutica britânica para entregar "o mais rapidamente possível" as doses contratualizadas com a União Europeia (UE). Esta quarta-feira, o CEO da AstraZeneca explicou que estão a fazer o melhor que podem, referindo que há "muitas emoções à volta deste processo", e lembrou que o Reino Unido assinou o contrato três meses antes da União Europeia.
“Estamos praticamente dois meses atrás em relação ao lugar onde queríamos estar”, disse Pascal Soriot ao diário italiano “La Repubblica”. “Tivemos também problemas semelhantes na distribuição para o Reino Unido, mas o contrato com o Reino Unido foi assinado três meses antes do acordo europeu. Tivemos assim três meses extra para resolver as falhas que experienciámos.”
E acrescentou: “Quanto à Europa, estamos três meses atrasados na correção dessas falhas. Gostaria de estar a fazer melhor? Claro. Mas se entregarmos em fevereiro o que planeamos entregar, não será um volume pequeno. Estamos a planear entregar milhões de doses para a Europa, não é algo pequeno”. Pascal Soriot garantiu que a farmacêutica e os seus trabalhadores estão a “fazer o melhor” que podem, mas que se trata de um “processo complicado e em grande escala”.
Na segunda-feira, Soriot já havia lamentado a falta de colaboração dos governos no combate à pandemia de covid-19, criticando o comportamento egoísta de alguns países. “Poderia ter sido um momento do género do 4 de julho, ou dia da independência (dos Estados Unidos), mas infelizmente não foi o caso, porque houve uma ligeira postura de ‘eu primeiro’”, disse o francês no Fórum Económico Mundial, em Davos.
As declarações de Soriot foram feitas numa altura em que o seu grupo vai sendo questionado na Europa sobre a falta de transparência relativamente aos atrasos nas entregas da sua vacina contra a covid-19. Soriot não deu exemplos específicos de países, embora a pandemia tenha dado origem a uma corrida mundial para obter acesso o mais rapidamente possível primeiro a equipamentos de proteção e depois a vacinas. “É justo dizer que poderíamos e deveríamos estar globalmente mais bem preparados para esta pandemia”, acrescentou.
E acrescentou: “O que não funcionou, a meu ver, foi a colaboração do mundo”, mesmo que evoque “bons exemplos” de ajudas entre os setores privado e o público, como o caso da vacina de AstraZeneca, desenvolvida com a Universidade de Oxford. “Mas posso ver que as coisas estão a mudar e que uma colaboração internacional está a surgir”, disse, apelando a que sejam feitos investimentos “em prevenção, deteção e tratamento precoce” para que o sistema de saúde esteja pronto para o futuro.
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