Coronavírus

Ordem dos Enfermeiros escreve a Marcelo: "É indigno que alguns autarcas sejam vacinados antes de profissionais de saúde"

Considerados por Ana Rita Cavaco um "pilar essencial" do sistema de saúde, os enfermeiros enfrentam desafios do ponto de vista da carreira que a bastonária considera urgente resolver
Considerados por Ana Rita Cavaco um "pilar essencial" do sistema de saúde, os enfermeiros enfrentam desafios do ponto de vista da carreira que a bastonária considera urgente resolver
Inácio Rosa

Em carta enviada ao Presidente da República, Ana Rita Cavaco frisa que é indiscutível que se vacine as mais altas figuras do Estado, mas não outros titulares de cargos públicos. Ordem adverte que ainda nem começou a vacinação dos enfermeiros das brigadas de intervenção rápida e bombeiros

Ordem dos Enfermeiros escreve a Marcelo: "É indigno que alguns autarcas sejam vacinados antes de profissionais de saúde"

Isabel Paulo

Jornalista

A Ordem dos Enfermeiros (OE) escreveu, esta terça-feira, ao Presidente da República a pedir a sua intervenção a propósito da campanha de vacinação contra a covid-19, numa altura em que não estão vacinados todos os profissionais de Saúde, ao mesmo tempo que, “como é do conhecimento público, há autarcas a contornarem o plano para se vacinarem antecipadamente”.

Na carta a Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Rita Cavaco salienta que não discute a vacinação das mais altas figuras do Estado, a par dos grupos prioritários, mas está “frontalmente contra” a inclusão, nesta fase, de autarcas ou outros titulares de cargos públicos que não sejam as mais altas figuras do Estado Português nos grupos prioritários, “quando há pouquíssimos Enfermeiros dos Cuidados de Saúde Primários Vacinados, já para não falar dos Enfermeiros do sector privado”.

A bastonária da OE recorda também que “ainda nem teve início a vacinação dos bombeiros, que são responsáveis por cerca de 90% do transporte em emergência extra hospitalar”, e que os estudantes de Enfermagem em ensino clínico e em contacto directo com doentes covid-19 não estão incluídos em qualquer grupo prioritário de vacinação, apesar de a OE o ter proposto e reiterado junto das autoridades de Saúde.

Na missiva, a bastonária lembra ter proposto a criação e a gestão de centros de vacinação, com enfermeiros, fora do horário de funcionamento dos Cuidados de Saúde Primários, para os quais continuam disponíveis membros de órgãos executivos da OE a título pro-bono. “Dispomo-nos, inicialmente, a assumir a organização de três deles, em Lisboa, Porto e Coimbra, podendo avaliar-se a possibilidade de expansão a outros pontos do país”, propõe a Ordem, que solicita a ajuda e intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa na concretização desta proposta.

Ana Rita Cavaco refere ainda que é “seguramente” do conhecimento do Presidente da República que alguns autarcas e outros sem direito a vacinação prioritária, “numa atitude indigna e vergonhosa”, e numa altura tão difícil para todo o país, “aceitaram um esquema para se poderem vacinar antes do tempo”.

No final da semana passada, a bastonária avançou ao Público que foram denunciadas à Ordem pelos menos 15 situações de atropelo aos critérios do Plano de Vacinação, situações reportadas entre 11 e 22 de janeiro, um dos quais o presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, conforme noticiou o Expresso.

Nas redes sociais, José Calixto, que integra a direcção do lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, admitiu não preencher os requisitos para ter sido vacinado contra a covid-19, mas alegou que “devia” pertencer aos grupos prioritários de vacinação.

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