Infarmed garante que não há rutura de oxigénio no país e que se mantém capacidade de produção e distribuição
MIGUEL A. LOPES/LUSA
Uma circular do Infarmed reforça recomendações às instituições hospitalares para garantirem “a encomenda das quantidades efetivamente necessárias, com base numa gestão interna otimizada e integrada”, assim como para devolverem imediatamente aos respetivos fornecedores o material usado e vasilhame vazio que tenham em sua posse
O Infarmed publicou uma circular esta terça-feira assegurando que, “no quadro de resposta à pandemia e do aumento de procura de serviços de saúde”, monitoriza em articulação com os hospitais o consumo de medicamentos, nos quais se englobam o oxigénio. De acordo com a associação do sector, a Associação Portuguesa da Química, Petroquímica e Refinação [APQuímica], Portugal tem “capacidade de produção e de distribuição de oxigénio medicinal”.
Segundo o comunicado do Infarmed, "conclui-se que atualmente existem cinco titulares de AIM para o oxigénio medicinal e todas as apresentações comercializadas se encontram disponíveis para abastecimento e nenhuma se encontra em situação de rutura ou com rutura prevista". Ou seja, está assegurada a capacidade de abastecimento e não há nenhuma situação de rutura ou pré-rutura no que concerne o oxigénio no país, assegura o Infarmed. Há nesta altura cinco titulares de Autorização de Introdução no Mercado (AIM) daquele sector a dar resposta nesta crise sanitária: Nippon Gases Portugal, Unipessoal, Lda., Gasin II - Gases Industriais, Unipessoal Lda., Acail Gás S.A, Air Liquide Medicinal e Linde Portugal, Lda..
A circular do Infarmed reforça recomendações às instituições hospitalares para garantirem “a encomenda das quantidades efetivamente necessárias, com base numa gestão interna otimizada e integrada”, assim como para devolverem imediatamente aos respetivos fornecedores o material usado e vasilhame vazio que tenham em posse. “Este foi, aliás, um dos aspetos sublinhados por todos os titulares de AIM ao Infarmed e que poderá estar na base de constrangimentos sentidos no abastecimento de algumas unidades hospitalares”, informa a nota da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.
A mesma circular diz ainda que é recomendável para a gestão de ‘stocks’ e agilidade do processo que os hospitais “procedam ao retorno dos cilindros de oxigénio vazios para enchimento (sobretudo os de menor dimensão) em locais próprios e de fácil acesso. A não devolução atempada dos recipientes vazios dificulta a rapidez no reabastecimento e reutilização dos recipientes”. E acrescenta: “Não havendo problema de escassez no fabrico destes gases medicinais, não se justificam situações de armazenamento”.
Esta circular surge na sequência de, no domingo, uma utilizadora da rede social Twitter escrever que não havia oxigénio num hospital nacional e que por isso os profissionais de saúde tiveram de “escolher 15 pessoas para meter num canto”. A fonte da informação, dizia, era a própria mãe. A conta oficial da Direção-Geral da Saúde no Twitter interagiu com a utilizadora e procurou saber qual era o hospital. Pelo desenrolar da conversa, nada foi apurado, concluindo a DGS naquela rede social que se tratava de “uma notícia falsa”. O tweet original teve 4,4 mil partilhas, 403 comentários e mais de 16 mil gostos. Mais tarde, já na noite de terça-feira e em ligação com a DGS, o VOST Portugal (acrónimo de Virtual Operations Support Team), um grupo de voluntários digitais que surgiu em 2018 para recolher e transmitir informação, informou que esteve em contacto com a jovem e com a mãe e que estas admitiram que as declarações foram exageradas.
No dia 21 de janeiro, o Expresso deu conta de que o Hospital Amadora-Sintra começou as obras para a construção de um novo tanque de oxigénio para evitar colapso depois do aumento de doentes graves - sendo que o uso diário de oxigénio correspondia então a 17% da capacidade. No seguimento dessa notícia, foi possível compreender-se que os doentes covid em enfermaria podem consumir o dobro ou triplo do oxigénio dos doentes não covid. “Uma das terapias para doentes com covid-19 implica a administração de oxigénio em alto fluxo”, explicava então uma fonte oficial do hospital, que também dizia que o abastecimento de oxigénio decorria com normalidade, algo que também foi possível escutar de uma fonte do Beatriz Ângelo, em Loures,
“O fornecimento de oxigénio medicinal pode ser efetuado em diferentes apresentações, quer sob a forma líquida, quer sob a forma gasosa, com recurso a cilindros”, explica ainda a nota do Infarmed. “Os cilindros de maior dimensão, por exemplo, os de 50 litros, devem ser os de primeiro recurso, sendo os de menores dimensões, como os de 5 litros com regulador e caudalímetro incorporado, apenas para transporte intra e inter-hospitalar (e não para uso continuado em doentes de alto fluxo ou doentes ventilados). Assim, torna-se importante a transição para cilindros de maiores dimensões, os quais também se encontram disponíveis.”
* artigo atualizado às 7h55 com a informação relativa ao VOST Portugal.