
Mortes diárias superam projeções dos peritos. Em Lisboa triplicaram desde o Natal e no Alentejo são agora cinco vezes mais
Mortes diárias superam projeções dos peritos. Em Lisboa triplicaram desde o Natal e no Alentejo são agora cinco vezes mais
Jornalista
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As projeções apresentadas no Infarmed para os óbitos diários por covid-19 já foram revistas várias vezes em pouco mais de uma semana.
Inicialmente foi estimada uma média de 150 mortes diárias no próximo domingo, mas a previsão já subiu para 240 entre o final deste mês e o início do próximo face aos valores registados. Os peritos assistem a um crescimento exponencial dos óbitos, sem verem ainda um “pico definido” para esta mortalidade.
“O aumento dos últimos dias obrigou a uma revisão do modelo, puxando o máximo, em média, para os 240 óbitos entre final do mês e princípio do próximo”, aponta Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos responsáveis pelas projeções apresentadas no Infarmed, lembrando que os óbitos que estão a ocorrer agora resultam de infeções de há 10 ou 15 dias. As 218 mortes divulgadas na terça não alteraram o modelo, mas um segundo dia com 219, como aconteceu na quarta-feira, “puxou a média para cima”.
A enorme pressão sobre o sistema de saúde e a acentuada incidência nos mais idosos, numa altura em que existe um risco extremamente elevado de transmissão, são algumas das explicações possíveis. Desde março e até ao início desta semana, 28% das mortes ocorreram em lares, num total de 2.648 pessoas, segundo o Ministério do Trabalho e Segurança Social. Apesar de ainda ser alta, a percentagem chegou aos 41% em outubro. Em Espanha é agora de 48% e em França de 44%, aponta o Ministério.
Há duas semanas que morrem mais de 100 pessoas com covid por dia e a média ronda os 180 óbitos. “O Centro e Lisboa estão a empurrar a letalidade para cima. Em Lisboa, o número de óbitos triplicou desde o Natal, no Centro quadruplicou e no Alentejo é cinco vezes superior.”
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