Coronavírus

Governo admite encerrar já as escolas, Marcelo apoia e ministra diz que requisição civil aos privados “não resolve os problemas”

Governo admite encerrar já as escolas, Marcelo apoia e ministra diz que requisição civil aos privados “não resolve os problemas”
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Marta Temido avisa que os médicos “ainda não estão na situação limite de escolher quem vive e quem morre” mas “estamos próximos de que aconteça”. Ministra admite requisição civil aos privados mas diz que isso “não resolve os problemas”. Nova variante do vírus pode já significar 20% dos casos

"A situação mudou, agravou-se", diz a ministra da Saúde, e por isso o encerramento das escolas está em cima da mesa do Conselho de Ministros. "Sim", respondeu Marta Temido esta quarta-feira à noite em entrevista à RTP. Num canal ao lado, reagiu de imediato o Presidente da República: "É uma boa solução", disse. "Como imagina eu já calculava", disse Marcelo Rebelo de Sousa em entrevista ao Porto Canal.

A reunião que Marta Temido teve esta quarta-feira de tarde com os epidemiologistas mostra que houve "alterações ao que eram as estimativas anteriores, o que obriga a novas reflexões sobre medidas a tomar". A mais urgente é mesmo o encerramento das escolas. A ministra não quis avançar pormenores, se todas as escolas vão fechar, se só algumas e se será de efeito imediato - essas são decisões do Conselho de Ministros e depois comunicadas pelo primeiro-ministro.

Marta Temido disse à RTP que há uma "aceleração da transmissão" e que a nova variante britânica significava 8% dos casos na semana passada e que nesta altura os especialistas estimam que já seja responsável por 20%. Pelo seu efeito "replicativo" pode atingir os 60% na próxima semana. Esses são os "factos novos" que levam a que o Governo esteja a preparar a decisão.

A ministra da Saúde admite que a situação em alguns hospitais, principalmente na região de Lisboa, está numa situação limite. Para ultrapassar as dificuldades, defende um "aprofundamento" das relações com o privado, mas deixa a nota: "Não hesitamos em dizer que, se o aprofundamento não for possível, temos de tomar medidas extremas... entre as quais a requisição civil", disse. Apesar disso, diz que "a requisição civil por si não resolve o problema" até porque os hospitais privados têm as suas agendas de intervenções e fazer requisição civil significava herdar uma estrutura que não se conhece e que se perderia o contacto de estrutura. Por isso, defende: "Tudo o que seja um bom acordo é preferível a uma situação de conflito".

Para aumentar os rastreios epidemiológicos, Marta Temido diz que há mais 1.100 pessoas afetas a estes rastreios e que o objetivo é que todas as pessoas sejam contactadas nas primeiras 72 horas.

Já sobre o número de mortes que estão neste momento a acontecer, Marta Temido diz que os principais fatores são a "complexidade" da doença, a idade e as comorbilidades. Além disso, refere também o fator que muitas vezes é "ridicularizado e secundarizado", que é o efeito das temperaturas: "O frio agora e o calor no verão".

Questionada se estas mortes podem ser explicadas pelas dificuldades nos hospitais, Temido diz: "Não acredito nisso". E conta que os profissionais de saúde com quem tem falado que lhe dizem que "ainda não estão exatamente nessa situação limite de ter de escolher quem vive e quem morre" mas que "estamos próximos que aconteça".

Nos últimos dias têm surgido notícias de dificuldades de stock de oxigénio, Temido diz que está tudo a ser tratado com os fornecedores e que não antecipa problemas nessa frente. Já quanto ao sangue, faz um apelo aos portugueses para que doem para que se aumentem as reservas.

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