António Costa mantém a ideia inicial de esperar para ver e diz que o Governo fez “bem” em esperar. De acordo com o primeiro-ministro, os dados são voláteis, díspares e não permitem perceber afinal qual a verdadeira situação pandémica do país. Por isso, o decreto do Governo que dá corpo ao estado de emergência até ao dia 15 (a sexta-feira da próxima semana) vai manter as medidas que estavam em vigor até aqui, sobretudo concentradas nos fins de semana.
Assim, alargado a todos os concelhos com acima de 240 casos por cem mil habitantes (ficando apenas de fora 25 municípios, os de risco moderado), estão em vigor, a 9 e 10 de janeiro, as seguintes medidas:
- proibição de circulação entre concelhos, entre as 23h do dia 8 de janeiro e as 5h do dia 11 de janeiro de 2021, salvo por motivos de saúde, de urgência imperiosa ou outros especificamente previstos;
- recolher obrigatório a partir das 13h e até às 5h do dia seguinte. Na prática, a medida em vigor nos últimos fim de semana é apenas alargada aos concelhos em risco elevado.
O que esperar na próxima semana?
Esta sexta-feira, o primeiro-ministro vai já começar as audições com partidos e parceiros sociais para depois decidir quais serão as próximas medidas, que podem entrar em vigor "mais cedo" do que o dia 15.
O calendário foca-se na próxima terça-feira, dia em que haverá nova reunião com especialistas. Se os números se mantiverem como estão agora (na casa dos dez mil casos por dia), o primeiro-ministro admite "um conjunto de medidas como as que tivemos em março". Eis um resumo dos pontos que António Costa detalhou:
- genericamente, será necessário "aumentar as medidas de restrição, tal como acontece noutros países da Europa";
- na melhor das hipóteses, "um passo em frente significa estender à semana" as medidas aplicadas ao fim de semana;
- em cima da mesa está também a hipótese de um "confinamento mais geral, também durante a semana, como em março";
- as escolas não serão afetadas: "há um grande consenso entre técnicos e especialistas de que não é preciso afetar o funcionamento do ano letivo" como foi feito em março e abril;
- quaisquer medidas adotadas não permitem “qualquer tipo de restrição à atividade política", nomeadamente às eleições presidenciais de 24 de Janeiro e respetiva campanha;
- Costa ainda tem esperança que os dados dos últimos dois dias sejam um "ajustamento” e que não confirmem uma evolução tão negativa: apesar da esmagadora maioria dos casos positivos resultar de testes feitos nos últimos dois dias, há ainda a hipótese de muitas pessoas terem adiado a sua realização devido ao período festivo.
O primeiro-ministro assumiu que os números atuais “sinalizam que as medidas não são suficientes” e “não é de um dia para o outro que o reforço do SNS passa o país do que tem menor número de camas de cuidados intensivos para estar na média”. “Temos aqui um vírus muito difícil e temos de continuar a dar luta”, concluiu.
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