Coronavírus

Confinamento, recolher obrigatório mais apertado, escolas e comércio fechados: o que está a acontecer pela Europa no pós-Natal e Ano Novo?

HOLANDA. Em Amesterdão, os habitantes são heróis, assim cumpram as regras de proteção individual
HOLANDA. Em Amesterdão, os habitantes são heróis, assim cumpram as regras de proteção individual
Robin Utrecht / Getty Images

Os números de casos de covid-19 e mortes que crescem e as prováveis e antecipadas consequências das festas de Natal e Ano Novo levaram vários governos europeus a agir, uns por antecipação, outros por reação. Esta segunda-feira foi decretado um confinamento geral em Inglaterra, mas há outros países com medidas apertadas

Recolheres obrigatórios mais austeros, confinamentos nacionais apertados, lojas e escolas fechadas, testes e quarentenas exigidas. Os números de casos de covid-19 e mortes que crescem e as prováveis e antecipadas consequências das festas de Natal e Ano Novo levaram vários governos europeus a agir, uns por antecipação, outros por reação. Em baixo, algumas medidas implementadas por vários países para o combate à propagação da covid-19.

Inglaterra

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou na segunda-feira um confinamento de seis semanas para conter a aceleração da pandemia covid-19 em Inglaterra, incluindo o encerramento das escolas até pelo menos meados de fevereiro. Boris Johnson disse que o país está num “momento crítico” e que são necessárias medidas “fortes o suficiente” para travar o avanço da nova variante do coronavírus, considerada mais infecciosa.

“O Governo está a dar instruções novamente para ficarem em casa. Só podem sair de casa por motivos restritos previstos na lei, como comprar bens essenciais, trabalhar se não o puder fazer de casa, fazer exercício, ter assistência médica, ou escapar a violência doméstica”, anunciou numa comunicação televisiva. A reabertura das escolas e levantamento do confinamento a partir de 22 de fevereiro vai depender da redução do número de infeções e mortes, continuação do plano de vacinação, respeito das regras, que vão entrar em vigor na quarta-feira.

Escócia

Um confinamento na Escócia a partir de terça-feira foi anunciado esta segunda-feira pela chefe do governo autónomo, Nicola Sturgeon, determinando que as pessoas fiquem em casa, exceto por razões de força maior, para ajudar a aliviar a sobrecarga dos hospitais e unidades de cuidados intensivos. "Estou mais preocupada com a situação que enfrentamos agora do que em qualquer momento desde março do ano passado”, justificou. As outras regiões britânicas, Irlanda do Norte e País de Gales, que também têm autonomia em termos de política de saúde, já tinham iniciado confinamentos após o Natal.

República da Irlanda

Foi decretado no país um confinamento generalizado entre 25 de dezembro e 12 de janeiro. O comércio está fechado, com algumas exceções. Nenhum tipo de encontro é permitido na República da Irlanda, nem entre amigos, nem entre familiares alargados, mesmo dentro de casa. É permitido, contudo, sair para fazer exercício, mas apenas a uma distância de cinco quilómetros de casa, no máximo, e com uma pessoa do mesmo agregado familiar.

Espanha

Com o Dia dos Reis no horizonte, a 6 de janeiro, o horário do recolher obrigatório varia de comunidade para comunidade, sendo que o mais comum é fixado entre as 22h e as 6h. Durante este período está proibida a circulação das pessoas nas ruas do país, mas há exceções para ações autorizadas como, entre outras, ir ao hospital, comprar medicamentos, ir e voltar do trabalho, prestar cuidados a pessoas mais velhas, menores ou com incapacidade.

A comunidade de Madrid ampliou os confinamentos a algumas localidades como Ciempozuelos, Mejorada del Campo, Villarejo de Salvanés, Navalcarnero e Algete e o recolher obrigatório manter-se-á entre as 00h e 6h. Na Catalunha haverá medidas mais duras a partir de 7 de janeiro: serão limitadas atividades comerciais e desportivas (modalidades não profissionais param, ginásios fechados e apenas se pode fazer desporto ao ar livre) e os centros comerciais serão obrigados a fechar e apenas as lojas da região com menos de 400 metros quadrados ficarão abertas.

Ao fim de semana estarão apenas abertos os lugares para venda de produtos essenciais, como supermercados e farmácias. O recolher obrigatório mantém-se às 22h, com exceção para o tal 6 de janeiro, quando os meninos abrem os presentes de Natal, em que se tem de recolher até às 23h. O máximo de pessoas reunidas é seis.

Uma coisa é certa: está decretado o estado de emergência no país até ao início de maio de 2021. À exceção das Ilhas Canárias, a população está proibida de sair de casa a partir das 23h00, podendo voltar a sair a partir das 6h00 do dia seguinte. As autoridades de saúde espanholas falam num aumento “preocupante” dos casos de infeção de covid-19: Espanha registou 30.579 novas infeções e 241 mortes desde quinta-feira, enquanto a incidência acumulada (14 dias) de casos por cada 100 mil habitantes situou-se nos 272,22, menos sete pontos, anunciaram as autoridades de saúde daquele país na segunda-feira.

Itália

"Os italianos que forem para o estrangeiro entre 21 e 6 de janeiro, no seu regresso terão de entrar em quarentena", e o mesmo acontecerá com os turistas que viajarem para Itália nessas datas, avisou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, numa conferência de imprensa, no início de dezembro. De 4 de dezembro a 6 de janeiro, explicava-se então, as lojas estariam autorizadas a permanecer abertas até às 21 horas, hora local, mas nos centros comerciais só serão permitidas farmácias, lojas de alimentos, tabacarias e quiosques, nos feriados e vésperas. Entre 21 de dezembro e 6 de janeiro, os cruzeiros serão suspensos e as estâncias de esqui serão encerradas. Além disso, a partir de 7 de janeiro, os alunos do ensino secundário poderão regressar às salas de aula, mas com uma capacidade de 75%.

O Governo italiano está a analisar a ampliação das restrições impostas para o período natalício até 15 deste mês, sem excluir a possibilidade de um confinamento quase total em todo o país no próximo fim de semana face ao aumento de contágios. O Executivo italiano reuniu-se domingo e voltou a fazê-lo na segunda-feira para decidir a nova diretiva para o período entre 7 deste mês, quando expira o decreto natalício de medidas de luta contra a covid-19, e dia 15.

No fundo, o país está dividido por zonas vermelhas, laranja e verdes. A cor define um nível de risco, sendo as áreas assinaladas a vermelho as mais problemáticas em termos de número de infeções. Aí, estão fechados bares, restaurantes e a maioria das lojas, incluindo cabeleireiro e salões de beleza. Fábricas e serviços essenciais — que incluem farmácias e supermercados — mantêm-se abertos.

Itália contabilizou 10.800 novos casos de covid-19 e 348 mortes associadas à doença na segunda-feira, dados que se referem às 24 horas anteriores, com a taxa de positividade (percentagem de positivos entre todos os testes realizados) a chegar a 13,8%, indicaram na segunda-feira fontes sanitárias italianas.

França

A nova variante do vírus já foi detetada em Paris. O Governo agravou o horário do recolher obrigatório, imposto em meados de dezembro até 20 de janeiro, em 15 localidades, sendo agora às 18h em vez das 20h. Paris foi poupada a esta medida adicional, mas um porta-voz do Governo admitiu que esta medida pode estender-se a outras regiões do país. Mantêm-se fechados bares, restaurantes e atrações culturais. A França já viveu dois confinamentos totais desde o início da crise sanitária.

As autoridades de saúde francesas deram conta na segunda-feira de mais 378 mortes devido à covid-19 em 24 horas, elevando o total no país para 65.415 óbitos. Há atualmente quase 25 mil pessoas hospitalizadas no país devido ao vírus e desses pacientes 2.666 estão internados nos cuidados intensivos. Estes números mostram um leve aumento do número de pessoas no hospital devido ao vírus nos últimos dias.

Bélgica

Este é o país que regista o maior número de mortes em relação à sua população, com 170 mortes por 100 mil habitantes, seguido da Eslovénia (135), Bósnia (126), Itália (125) e Macedónia do Norte (121). O Governo belga passou a solicitar a todos os viajantes que entram no território a partir de 31 de dezembro uma quarentena de 10 dias e a impor a obrigatoriedade de testes a quem chega a partir de 2 de janeiro.

Estão isentas da quarentena pessoas "que desempenham funções críticas em setores essenciais", os alunos que tenham de fazer um exame (apenas nesse momento) ou pessoas residentes na Bélgica que tenham viajado para o exterior por motivos profissionais, com comprovativo do empregador. Até agora, e em funções das regras anunciadas em 18 de dezembro, apenas estavam obrigados a apresentar um teste PCR na entrada do país as pessoas que não estão registadas como residentes belgas.

Os residentes tinham apenas de preencher um formulário com detalhes do seu comportamento durante a estadia fora do país, com perguntas sobre se respeitaram a distância de segurança, usaram máscara e cumpriram as regras de higiene. Dependendo das respostas a esse questionário, seriam informados se deveriam ser submetidos a um teste PCR já na Bélgica, ser colocados em quarentena, ambos ou nenhum.

Alemanha

Em meados de dezembro, Angela Merkel anunciou o endurecimento das regras para travar a propagação do novo coronavírus com o encerramento de escolas e de todo o comércio não-essencial até 10 de janeiro. Restaurantes, bares, museus, teatros e todas as instalações desportivas, encerrados desde novembro, mantêm-se fechados. Os trabalhadores são instados ao teletrabalho.

Esta terça-feira, os chefes dos 16 executivos regionais vão reunir-se com a chanceler Angela Merkel para debater a necessidade de prolongamento das restrições à vida social e à atividade económica impostas em novembro. Os estados mais atingidos pela pandemia, como Saxônia, Turíngia, Baden-Württemberg e Baviera, querem ver uma extensão das medidas restritivas até 31 de janeiro. Nas últimas 24 horas a Alemanha registou 944 mortes e 11.897 casos de infeção.

Países Baixos

A meio de dezembro o Governo holandês decretou um confinamento nacional que deverá estar em vigor pelo menos durante cinco semanas. Lojas não essenciais, escolas, creches, cinemas, cabeleireiros e ginásios estão fechados até 19 de janeiro e os cidadãos estão aconselhados a evitar viagens não essenciais ao exterior até meados de março. Bancos, supermercados, mercearias e farmácias permanecem abertos.

O Governo liderado por Mark Rutte já tinha decretado o encerramento de restaurantes, bares e 'coffee shops' em 14 de outubro e endureceu as medidas de combate à pandemia de covid-19 em 3 de novembro, ao encerrar museus, cinemas e jardins zoológicos por duas semanas.

Áustria

O Governo austríaco instaurou um terceiro confinamento geral que arrancou a 26 de dezembro, numa tentativa de conter a propagação da pandemia de covid-19, indicou esta sexta-feira o Executivo. "De 26 de dezembro a 24 de janeiro, as restrições em matéria de recolher obrigatório vão ser aplicadas novamente ao longo de todo o dia", anunciou o Governo a 18 de dezembro em comunicado, um endurecimento da medida que até agora vigorava entre as 20h e as 06h.

Lojas e escolas vão voltar a ser encerradas até 18 de janeiro, enquanto as estâncias de esqui são deixadas ao critério das autoridades locais e regionais. A partir de 15 de janeiro, apenas os residentes que se submeteram a testes de antígenio podem retomar a vida social antes do levantamento geral das restrições a 24 de janeiro, segundo o Executivo. "Durante a semana de 18 a 24 de janeiro, escolas, lojas e restaurantes vão ficar abertos a qualquer pessoa que tenha realizado um teste antigénico com menos de uma semana", segundo o documento. Professores, comerciantes em contacto com clientes e motoristas de transportes públicos vão ser testados semanalmente a partir de 18 de janeiro.

Polónia

O Governo polaco anunciou esta quinta-feira que irá impor um confinamento parcial em todo o território entre 28 deste mês e 17 de janeiro de 2021, tendo como objetivo travar a propagação da covid-19. Nesse sentido, proibiu todas as viagens na véspera de Ano Novo e anunciou o encerramento de centros comerciais, hotéis e estâncias de esqui, entre outras medidas, deixando abertos apenas os estabelecimentos comerciais considerados essenciais, como supermercados e farmácias.

"Vai ser decretado um confinamento nacional de 28 de dezembro a 17 de janeiro", disse aos jornalistas o ministro da Saúde polaco, Adam Niedzielski. Segundo o governante polaco, será também imposta uma quarentena de 10 dias aos que entram no país durante as três semanas em causa. As restrições atuais, como as que limitam o número de pessoas nos transportes públicos e nas igrejas, serão mantidas. Os restaurantes e bares permanecerão encerrados e só serão permitidas reuniões até um máximo de cinco pessoas. As escolas, em todos os níveis de ensino, também permanecerão fechadas até 17 de janeiro de 2021.

Grécia

Após a Grécia ter registado um novo surto de infeções de covid-19 e de mortes em novembro, com as unidades de cuidados intensivos a atingirem o limite máximo, as autoridades impuseram um novo confinamento através do encerramento de escolas e a suspensão de grande parte das atividades sociais e económicas.

As medidas foram parcialmente suavizadas antes do Natal, quando as igrejas e estabelecimentos não essenciais foram autorizados e reiniciar algumas atividades, apesar de limitadas, incluindo cabeleireiros e manicure. Todos estes serviços foram agora encerrados durante uma semana numa tentativa para conter a propagação do vírus. As escolas reabrem a 11 de janeiro após duas semanas de inatividade.

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