Exclusivo

Coronavírus

Covid-19. O recorde de novos casos é efeito do relaxamento no Natal? Especialistas dividem-se, mas preveem que crescimento continue

Covid-19. O recorde de novos casos é efeito do relaxamento no Natal? Especialistas dividem-se, mas preveem que crescimento continue
Rui Duarte Silva

O número diário de infetados pode vir a subir muito mais, concordam vários especialistas. Para isso apontam também os cálculos do matemático Henrique Oliveira, que olha com “cautela” para os totais mais recentes, mas põe em hipótese um balanço pesado: 11 mil mortos até ao final de fevereiro

O número volta a fixar um novo recorde, mas totais piores podem estar a caminho. O alerta é feito por Henrique Oliveira, matemático e professor do Instituto Superior Técnico (IST), para quem o aumento de casos de covid-19 contabilizado no boletim desta quinta-feira (7627) e no do dia anterior (6049) não será “ainda” atribuível ao período de natal. “Ainda me parece cedo para a explicação ser essa”, adiantou ao Expresso, para explicar que, o mais provável é estas subidas refletirem o menor números de testes realizado junto à época festivas, “com feriados pelo meio e tudo”, bem como a comunicação mais lenta dos seus resultados.

O pneumologista e coordenador do gabinete de crise da covid-19 da Ordem dos Médicos, Filipe Froes acredita que o país poderá “já estar perante o reconhecimento de novos casos, fruto da festividade do Natal”. “No fundo, era aquilo que não se queria, mas, infelizmente, aconteceu”, disse à agência Lusa, considerando que os 7627 anunciados esta quinta-feira resultarão eventualmente de uma “altura em que muitas pessoas desvalorizaram as medidas de prevenção e controle, como o uso de máscara e o evitar ajuntamentos”.

O especialista também teme um acréscimo de números nos próximos dias. “As infeções que possam ter ocorrido no Natal, algumas ligeiras ou assintomáticas, podem dar nos dias subsequentes cadeias de transmissão”, alertou.

“Este aumento pode ser devido à não testagem na altura do Natal, o que eu duvido”, considera por sua vez o virologista Pedro Simas. “Se não tiver esse efeito, deve-se ao maior número de contactos, são as duas possíveis explicações”, defendeu também à Lusa. Portugal tem um “planalto na média diária dos 3.200 casos”, lembrou, o que, no seu entender, “é muito alto, é 10 vezes maior do que o planalto do verão, ou seja, nunca houve um risco tão grande de transmissão” do vírus.

“Os números de hoje ainda são pré-Natal, portanto, o efeito Natal e Ano Novo só se vai ver em janeiro”, acrescenta Pedro Simas.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MGanhao@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate