Cientistas da FCUL estimam que por cada 10 óbitos covid haja outras 4 mortes indiretamente associadas à pandemia
Os cerca de 7 mil óbitos por covid-19 ocorridos este ano correspondem a cerca de 6% de toda a mortalidade registada ao longo de 2020, segundo os dados do sistema de vigilância da mortalidade (SICO) gerido pela Direção-Geral da Saúde. Mas além das mortes diretamente causadas pela doença, comunicadas diariamente desde março, há outros óbitos indiretamente relacionados com a pandemia. E uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) estima que por cada dez óbitos covid tenham ocorrido outras quatro mortes em resultado, por exemplo, da menor utilização e acesso a cuidados de saúde.
Carlos Antunes, matemático e membro da equipa da FCUL, aponta para cerca de 2800 mortes indiretas, “a somar aos 6950 óbitos covid que agora estimamos que ocorram até ao final do ano, um número já mais baixo do chegámos a achar que seria”. Também Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da FCUL, explica que a pandemia causou mortes diretas e indiretas. “Há as mortes diretamente associadas à covid-19 e as que não são atribuídas à doença mas com múltiplas causas que podem ser consideradas efeitos laterais ou indiretos da pandemia. E se não fossem as medidas de contenção, a fatura de óbitos covid seria imensamente mais elevada.” Entre as causas indiretas está a menor utilização e acesso aos serviços de saúde, em resultado da atenção dada aos doentes covid, que levou ao adiamento de diagnósticos, rastreios, exames e consultas, além de o medo ter afastado as pessoas dos hospitais.
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