Coronavírus

Aviação. Portugal (e mais sete países da UE) teme setor dominado por empresas transnacionais

Aviação. Portugal (e mais sete países da UE) teme setor dominado por empresas transnacionais
MÁRIO CRUZ/LUSA

Pedro Nuno Santos e sete ministros da UE alertam para os problemas que resultarão da crise da aviação. Falam do "surgimento de empresas transnacionais", da incerteza jurídica sobre a legislação laboral e fiscal aplicável, de um "crescimento de formas atípicas de emprego de tripulação aérea e diferentes níveis de proteção social para os trabalhadores". E desafiam a Europa a preparar quadros jurídicos para o que vem. Tudo isto na semana decisiva para a reestruturação da TAP

O ministro português das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e homólogos de outros sete países da União Europeia (UE) mostraram esta terça-feira grande preocupação com a proteção social dos trabalhadores da aviação no pós-crise da covid-19. A declaração foi subscrita por Pedro Nuno Santos e ministros dos Transportes da Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália e Luxemburgo, apelando todos "à conectividade socialmente responsável para sustentar a recuperação da aviação" após a crise gerada pela pandemia.

Recordando que "o setor europeu da aviação foi fortemente afetado pelos efeitos da crise de covid-19, com graves repercussões na conectividade aérea, nas empresas e organizações e nos muitos empregados de todo o setor", os responsáveis dizem temer as "profundas mudanças no setor da aviação, que constituem um desafio para as companhias aéreas, o seu pessoal e as autoridades nacionais", segundo a informação divulgada à imprensa em Bruxelas.

A declaração comum alerta, assim, para os problemas que "a crise corre o risco de acentuar", entre os quais o "surgimento de empresas transnacionais de companhias aéreas com bases em toda a Europa, a incerteza jurídica sobre a legislação laboral e fiscal aplicável, o crescimento de formas atípicas de emprego de tripulação aérea e diferentes níveis de proteção social para os trabalhadores, o campo de ação desigual entre as companhias aéreas e a aplicação inadequada das regras a nível nacional", de acordo com o comunicado.

A posição comum foi acordada à margem do Conselho de Transportes dos ministros da UE desta tutela de terça-feira, que devido à covid-19 decorreu por videoconferência.

Nela, "os oito Estados-membros exortam a Comissão Europeia e outros Estados-membros a considerar estes desafios como uma prioridade e a tomar medidas, por exemplo, garantindo a segurança jurídica, a aplicação efetiva das regras e uma melhor coordenação entre as autoridades".

É, ainda, feita uma chamada de atenção sobre a salvaguarda da dimensão social aquando da revisão da diretiva comunitária relativa a regras comuns na exploração dos serviços aéreos.

Para os ministros da tutela, "sair desta crise sem precedentes mais forte e mais resistente depende de garantir uma concorrência saudável e justa e de proporcionar uma conectividade socialmente responsável aos viajantes europeus", refere ainda o comunicado.

Esta tomada de posição fica aberta a eventuais novas subscrições de outros países da UE.

Depois de várias semanas de paragem na primavera, a aviação europeia está a ter uma retoma muito aquém do desejado, nomeadamente após o ressurgimento das infeções de covid-19 no outono.

E nem a tímida recuperação do verão vai evitar acentuadas quebras de tráfego anuais.

Com o setor em crise, foram já anunciados vários despedimentos e alguns países tiveram de injetar dinheiro nalgumas companhias aéreas, como foi o caso da portuguesa TAP, que terá agora de enfrentar uma grande reestruturação.

O plano de reestruturação da TAP, referente à ajuda estatal de 1,2 mil milhões de euros, tem de ser enviado por Portugal a Bruxelas até quinta-feira.

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