Quase 40% dos pais viram nos filhos mais novos evoluções acima do ritmo normal durante o período de confinamento
“A pandemia não fez doença mental nos mais novos. Claro que houve ansiedade, mas não foi um problema significativo e as famílias perceberam que têm competências para lidar com as adversidades e que até podem sair mais fortes disso.” Esta é a forma como Pedro Caldeira, pedopsiquiatra responsável pela Unidade de Primeira Infância do Hospital de Dona Estefânia (HDE), em Lisboa, resume a reação da maior parte dos mais novos ao impacto da covid-19. Diz que até houve ganhos, como o tempo a mais que as crianças passaram com os pais no confinamento. E que as queixas só aumentaram com o regresso às aulas presenciais.
Para Teresa Goldschmidt, presidente da Associação Portuguesa de Pedopsiquiatria da Infância e da Adolescência e diretora do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e Adolescência do Hospital de Santa Maria, os maiores problemas foram sentidos nas famílias que já apresentavam fragilidades, mesmo antes da pandemia. “As crianças mostraram a sua capacidade de adaptação, que depende e muito do comportamento dos adultos que cuidam delas. A maioria das famílias que não têm problemas de pobreza até estreitaram os laços afetivos, mas o risco vai-se agravar daqui para a frente com o aprofundamento da crise económica, porque as diferenças sociais aumentam muito os efeitos da pandemia.”
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