Covid-19. Mais de uma centena de vacinas estão a ser desenvolvidas: quais as mais avançadas e em que fase se encontram?
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A Pfizer anunciou: a vacina que tem estado a testar provou ter 90% de eficácia contra o novo coronavírus. Além da farmacêutica norte-americana há muitas outras empresas em vários pontos do mundo à procura de respostas à covid-19. Este é o ponto da situação das oito que estão em fase mais avançada
São pelo menos oito vacinas que atualmente se encontram na terceira fase de triagem, ou seja, que estão a ser testadas em larga escala e cujos testes de segurança estão a ser realizados. A farmacêutica norte-americana Pfizer, em conjunto com a empresa alemã BioNTech, anunciou esta segunda-feira um novo passo: conseguiu provar 90% de eficácia da vacina que estão a desenvolver. Há umas semanas foram os britânicos da Universidade de Oxford, com a empresa AstraZeneca Plc, que assumiram a liderança na corrida por uma resposta no combate contra a covid-19.
Quase um ano depois do vírus ter sido identificado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan, há milhares de estudos em curso, centenas de vacinas a serem desenvolvidas, pouco mais de uma dezena em fase de teste. Estas são as nove que se encontram na fase mais avançada do processo de produção.
BioNTech, Pfizer, Fosun Pharma (Alemanha e EUA) Nome: BNT162b2
Esta é a vacina que parece estar atualmente melhor posicionada para ser a primeira a ser administrada em larga escala à população mundial. Esta segunda-feira a farmacêutica norte-americana Pfizer e a empresa alemã BioNTech (que na China está a trabalhar em conjunto com a Fosun Pharma) anunciaram que, com testes feitos em 43 mil pessoas, a imunização na fase experimental obteve o nível de eficácia mais elevado até ao momento: 90%.
A Organização Mundial da Saúde colocou a fasquia abaixo, nos 60% a 70% de proteção, admitindo que até essa poderia ser difícil de obter, permitindo assim que a nova vacina seja aprovada com a eficácia mínima, de 50%.
A Pfizer disse que ainda antes do fim do mês pretende submeter a vacina para aprovação.
CanSino Biologics Inc. (China) Nome: Ad5-nCoV
Os testes começaram a 16 de março em colaboração com a Academia Militar de Ciências Médicas. No final de junho, o Governo chinês aprovou o “uso exclusivo” da vacina por parte dos militares do Exército de Libertação Popular, depois dos resultados positivos nos ensaios clínicos.
A vacina está ainda autorizada a começar a fase final de testes na Rússia.
O método usado, neste caso, é o da clonagem molecular da covid-19, uma técnica da engenharia genética conhecida também por ADN recombinante.
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Gamaleya Research Institute (Rússia) Nome: Sputnik V
Esta vacina tem como base uma fusão entre um adenovírus de uma gripe normal com uma proteína do SARS CoV-2 para estimular a imunidade, explica a Bloomberg. Numa fase inicial, anunciou a Rússia, provou ter capacidade para desenvolver a imunidade ao vírus entre o grupo de participantes no teste sem demonstrar qualquer tipo efeito que ponha em causa a segurança das pessoas.
Inovio Pharmaceuticals Inc (EUA) Nome: INO-4800
A vacina utiliza o ADN para ativar o sistema imunitário dos pacientes e, segundo a empresa, apresentou resultados positivos num primeiro teste. Vários investidores manifestaram, contudo, reservas, queixando-se de falta de detalhes.
Desde setembro que a Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos suspendeu parcialmente a investigação.
Johnson & Johnson (EUA) Nome: JNJ-78436735
A investigação retomou depois de ter sido suspensa após uma das pessoas que participaram nos testes ter adoecido. Entretanto, mais de 60 mil pessoas fizeram parte dos testes daquela que é a uma das vacinas que tem mostrado bons resultados apenas com a toma de uma dose.
A Johnson & Johnson já fechou acordos de reservas de vacina com os EUA e a Comissão Europeia. E, além desta vacina, está ainda a trabalhar em duas outras soluções de recurso.
Moderna Inc. (EUA) Nome: mRNA-1273
A vacina desenvolvida por esta empresa norte-americana conseguiu produzir anticorpos em todas as pessoas que participaram nos testes de segurança. Entre os 30 mil participantes metade recebeu uma dose de 100 microgramas e os restantes uma dose placebo.
Para produzir esta vacina está a ser utilizada uma tecnologia baseada em ARN-mensageiro (um sistema que transporta o código genético do ADN até às células) e que procura fornecer ao organismo a informação genética de que este necessita para se proteger, de forma preventiva, contra a covid-19. Os cientistas estão a utilizar apenas um pequeno segmento genético do vírus que conseguiram criar em laboratório e a esperança é que se consiga provocar uma resposta do sistema imunológico de modo a combater a infeção.
Este é um programa financiado pelo Governo norte-americano (955 milhões de dólares - 805 M€) e que já fechou um outro acordo, no valor de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 M€), com os EUA para o fornecimento de 100 milhões de doses.
Esta vacina usa um vírus que não é prejudicial e que foi modificado para produzir a proteína da SARS-Cov-2 que lhe permite ligar-se às células humanas e infetá-las, a chamada proteína da espícula, ou “spike”. “Inocular esse vírus poderá gerar uma resposta imune”, explicou há umas semanas, à BBC, Felipe Tapia, engenheiro biotécnico do Instituto Max Planck e da Bioprocess Engineering Group, na Alemanha.
Foi das primeiras a serem testadas em humanos, tendo o primeiro ensaio clínico começado a 23 de abril. Em julho a imprensa britânica anunciou que os testes clínicos em humanos tiveram “resultados promissores” e desencadearam a resposta imunitária ao vírus que se pretendia.
Os EUA anunciaram investimento de cerca de mil milhões de dólares (843 ME) para adquirir, em outubro, 300 milhões de doses desta vacina, enquanto o Reino Unido planeava ter disponíveis 30 milhões de doses da vacina em setembro. No entanto, o estudo ficou em pausa nos EUA depois de uma pessoa no Reino Unido ter adoecido. Entretanto, os testes retomaram e os reguladores europeus têm acompanhado de muito perto a sua evolução.
Sinovac Biotech Ltd (China) Nome: CoronaVac
Utiliza agentes patogénicos inertes do vírus da covid-19, começou por ser administrada a oito macacos, tendo o laboratório anunciado, em comunicado divulgado em abril, que depois da contaminação artificial estes animais ficaram “largamente protegidos”. Também foi testada em seres humanos.
A fase final de testes no Brasil foi interrompida a 29 de outubro após um “uma situação adversa grave”. Na China, a vacina já está autorizada para casos de emergência em médicos, funcionários alfandegários e outros trabalhadores na linha da frente. Em muitos outros países os testes desta vacina prosseguem em larga escala.