Coronavírus

Autarca de Felgueiras contra restrições "desmedidas". E adverte que trabalho na indústria do calçado é feito em fábrica, não à distância

Nuno Fonseca considera desajustadas as medidas impostas no concelho que regista 222 novos casos de covid-19 na última semana, menos de metade dos infetados de Guimarães ou Paredes, que estão fora do plano de restrições "leoninas". O autarca do PS antecipa sequelas económicas negativas similares ao período de confinamento

Autarca de Felgueiras contra restrições "desmedidas". E adverte que trabalho na indústria do calçado é feito em fábrica, não à distância

Isabel Paulo

Jornalista

O presidente da Câmara de Felgueiras afirma que não compreende as razões pelas quais foram impostas ao município medidas específicas de semi-confinamento, “similares às aplicadas no estado de emergência”. Nuno Fonseca afiança que a realidade epidemiológica do concelho, “que registou 222 novos casos positivos na última semana”, não justifica as restrições aprovadas esta quinta-feira pelo Governo.

“São desajustadas, desmedidas e com graves sequelas económicas para o comércio, restauração e indústrias”, salienta o autarca socialista, que critica ainda a falta de critérios na imposição das regras sanitárias entre concelhos vizinhos. Nuno Fonseca lembra que Paços de Ferreira, outro dos municípios com medidas apertadas, regista nos últimos sete dias o quádruplo de novas infeções de covid-19 (912 casos), Guimarães 499, Paredes 454, Guimarães e Penafiel 347, questionando por isso qual a razão “nesses não foram aplicadas regras como o dever de permanência no domicílio, com exceção para quem trabalha ou frequenta a escola, proibição de feiras, fecho do comércio às 22h e proibição de ventos com mais de cinco pessoas”.

Nuno Fonseca avança ainda que a obrigatoriedade do teletrabalho para funções que possam ser exercidas à distância pode resultar como travão à propagação do vírus em concelhos como Lisboa, de grande concentração de serviços da administração central ou de escritórios, não em regiões que vivem da indústria, como é o caso de Felgueiras. “Aqui a indústria predominante é a do calçado, como o têxtil em Lousada ou o mobiliário em Paços de Ferreira, e não vejo como o teletrabalho vá abranger grande número de trabalhadores nesta região”, adverte o autarca, que lembra que sapatos, vestuário e móveis são produzidos em contexto de fábrica, “que nunca fecharam”.

Nuno Fonseca afiança que a população local é cumpridora das regras, têm hábitos diários de distanciamento. Para travar a propagação, defende mais recursos e meios para que os trabalhadores sejam ainda mais testados ou as escolas, lembrando que a região do Tâmega e Sousa é a mais jovem de Portugal Continental, o que significa muitos alunos a circular nas escolas locais, necessitando os mais novos "de retaguarda familiar" quando os pais estão a trabalhar. “Ou seja, há contactos familiares imprescindíveis fora do núcleo do mesmo domicílio”, refere o autarca.

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