A população infantil afetada pela doença do novo coronavírus, mesmo assintomática, apresenta um potecial de contágio a outras pessoas que pode durar até três semanas, segundo revela uma investigação publicada na revista médica JAMA Pediatrichs, e citada pelo diário "El Mundo".
O facto de as crianças se perfilarem como um veículo de infeção muito mais ativo do que se pensava levanta questões associadas à reabertura de escolas e infantários, planeada para setembro em muitos países europeus, entre os quais Portugal.
Segundo os autores do estudo publicado na revista médica, após terem sido examinadas 91 crianças contaminadas por covid-19 em 22 hospitais da Coreia do Sul, o que se concluíu é que o vírus continuou a ser detetado por um período de duas semanas, independentemente de estas apresentarem sintomas ou terem deixado de os sentir.
Ainda se desconhece como os assintomáticos espalham o vírus
O jornal destaca as diferenças entre o sistema de saúde nos Estados Unidos e o da Coreia do Sul, onde os doentes com covid-19 têm de permanecer no hospital até a infeção desaparecer, incluíndo os que não têm sintomas. Foi assim que os investigadores apuraram que um quinto dos assintomáticos e metade dos que tinham sentido sintomas da infeção só estavam a libertar-se do vírus três semanas após terem feito os testes iniciais.
O recente estudo é acompanhado de um comentário de médicos do Children's National Hospital nos Estados Unidos. Estes clínicos levantam a seguinte questão: "um caso positivo ou um negativo qualitativo testado não reflete necessariamente a infecciosidade, já que alguns positivos implicam fragmentos de material genético que podem não infetar ninguém".
Mas, por outro lado, os médicos norte-americanos do Children's National Hospital também destacam que "um caso negativo pode significar a presença de níveis baixos do vírus que ainda podem ser infecciosos". Até ao momento desconhece-se se os assintomáticos estão a disseminar o vírus a uma proporção maior que os indivíduos que apresentam sintomas.
"E os testes só para vírus ativos em vez de anticorpos ignoram a grande quantidade de pessoas que podem ter sido infetadas e curadas após uma doença assintomática ou leve, um fator importante para compreender a imunidade coletiva", argumenta ainda Roberta L.DeBiasi, chefe de doenças infecciosas do Children's National Hospital.
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