Coronavírus

Covid-19. Tentativa de invasão do parlamento alemão durante os protestos de negacionistas

Covid-19. Tentativa de invasão do parlamento alemão durante os protestos de negacionistas
CHRISTIAN MANG/REUTERS

Militantes da extrema-direita fintaram a polícia e subiram a escadaria do Reichstag, em Berlim. Políticos pedem tolerância zero para este tipo de atos

Covid-19. Tentativa de invasão do parlamento alemão durante os protestos de negacionistas

Hugo Franco

Jornalista

Da esquerda à direita, vários políticos alemães condenaram a tentativa de invasão do parlamento durante o protesto realizado este sábado contra as restrições impostas pelo Governo por causa da pandemia.

Entre os negacionistas encontravam-se centenas de militantes de extrema-direita que, de acordo com a BBC, romperam o cordão policial que protegia o Reichstag e subiram a escadaria. Os mais radicais traziam consigo a bandeira do império alemão - usada pelo grupo de extrema-direita Reichsbürger (Cidadãos do Reich) - fintaram um grupo de polícias e chegaram à entrada do edifício.

Há relatos de violência entre manifestantes e a polícia, que usou gás pimenta e deteve várias pessoas. Há dados que apontam para um total de 300 detenções numa manifestação que juntou perto de 40 mil pessoas.

"O Reichstag é o centro simbólico de nossa democracia. É insuportável que criadores de problemas e extremistas o usem de maneira inadequada para os seus próprios fins", disse o ministro do Interior, Horst Seehofer. O responsável acrescentou que haverá "tolerância zero" para este tipo de comportamento.

O Presidente da Alemanha, Frank Walter Steinmeier, condenou aquilo a que apelidou de "um ataque insuportável ao coração da democracia". E acrescentou: "Aqueles que se irritaram com as nossas medidas contra o coronavírus ou que duvidam da sua necessidade podem fazê-lo abertamente, em protestos. Mas a minha tolerância termina quando os manifestantes se juntam aos inimigos da democracia e aos agitadores políticos."

O vice-chanceler Olaf Scholz, dos social-democratas, foi um dos vários a condenar a exibição de símbolos imperiais alemães e de extrema direita. Os sociais-democratas também pediram uma maior segurança em torno do parlamento.

Já o organizador do protesto principal, o empresário de tecnologia Michael Ballweg, disse que os manifestantes do Reichstag "nada tinham a ver" com seu movimento.

O protesto havia sido originalmente proibido, mas um tribunal alemão acabou por permiti-lo, com a condição de que medidas contra o coronavírus, como o uso de máscara e o distanciamento social, fossem cumpridas.

Ainda de acordo com a BBC, os protestos foram organizados pelo movimento Querdenken 711 (ou Lateral Thinking 711). O grupo tem mais de 16 mil seguidores no Facebook e comunica entre si no serviço de mensagens criptografadas Telegram. O Querdenken 711 acredita que as restrições aplicadas por causa da covid-19 infringem os direitos e liberdades consagrados na constituição da Alemanha e quer que eles sejam suspensos.

A Alemanha tem nesta altura mais de 240 mil pessoas infetadas com o novo coronavírus e mais de nove mil mortos.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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