Coronavírus

Covid-19. Obesidade aumenta risco de morte em 48%, conclui estudo académico

Covid-19. Obesidade aumenta risco de morte em 48%, conclui estudo académico
Dominic Lipinski / PA / GETTY IMAGES

Um relatório da Health at a Glance da OCDE, de novembro, revelou que 67,6% da população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. Ou seja, Portugal estacionava então no quarto lugar da lista de países da OCDE com população mais obesa

Um estudo da Universidade da Carolina do Norte, encomendado pelo Banco Mundial, dá conta de que a obesidade pode ter um efeito devastador nos doentes infetados com covid-19. A vacina, que ainda está por surgir, poderá ter menos eficácia em doentes com excesso de peso.

De acordo com o documento académico, aqui publicado no jornal “The Guardian”, os infetados que sofrem de obesidade têm 48% mais risco de morrer. O risco de internamento (113%) e de admissão nos cuidados intensivos (74%) aumenta substancialmente também para aqueles com sobrepeso.

O diário britânico diz que esta conclusão, que revela um cenário mais complicado do que anteriormente referido, deverá levar os governos a investir na erradicação da obesidade, um cenário cada vez mais complicado no seguimento do encerramento de escolas e dos constrangimentos que todos os clubes de todas as modalidades têm sofrido para travar a propagação do vírus.

De acordo com a informação no site da Direção-Geral da Saúde, diversos estudos indicam que existe, na população portuguesa adulta, uma prevalência do excesso de peso e da obesidade na ordem dos 40%, sendo mais elevada nas pessoas com mais de 55 anos e nas de escolaridade e classe social mais baixas. Apesar do valor oferecido pela DGS, a situação parece bem mais grave se pegarmos no relatório da Health at a Glance da OCDE, de novembro, que revelou que 67,6% da população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. Ou seja, Portugal estacionava então no quarto lugar da lista de países da OCDE com população mais obesa.

O “Guardian” escreve no mesmo artigo que tanto os Estados Unidos como o Reino Unido revelam dados preocupantes, com 40% e 27% das respetivas populações a sofrerem de obesidade.

Segundo o estudo da Universidade da Carolina do Norte, as pessoas com um índice de massa corporal acima dos 30 correm mais riscos perante a covid-19 em todos os sentidos, tal como vimos em cima. E o resultado do mesmo documento não deixou de impressionar o investigador que liderou a investigação. “É um efeito muito grande para mim”, reconheceu ao “Guardian” Barry Popkin. “É um aumento de 50% essencialmente. É um número muito alto e assustador. Todos os dados são, aliás, muito mais altos do que eu esperava”, admitiu, indo mais longe quando questionado sobre os efeitos da obesidade nos internamentos, nos cuidados intensivos e na mortalidade: “[Os valores] chocaram-me, para ser honesto”.

O que diz a DGS sobre a obesidade?

“A obesidade é um importante problema de saúde pública e uma doença crónica, com génese multifactorial, que requer esforços continuados para ser controlada, constituindo uma ameaça para a saúde e um importante fator de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças”, explica no site oficial.

E continua: “Os benefícios na saúde das pessoas obesas, conseguidos através da perda intencional de peso, principalmente se mantida a longo prazo, podem manifestar-se na saúde em geral, na melhoria da qualidade de vida, na redução da mortalidade e na melhoria das doenças crónicas associadas, com destaque para a diabetes tipo 2. Na população portuguesa adulta, diversos estudos indicam uma prevalência do excesso de peso e da obesidade na ordem dos 40%, sendo mais elevada nas pessoas com mais de 55 anos e nas de escolaridade e classe social mais baixas”.

Mais: “A obesidade está ligada a uma grande mortalidade e morbilidade, sendo que as complicações associadas podem ser responsáveis por 5 a 10% dos custos de saúde. Os padrões e níveis de atividade física nacionais indicam uma população eminentemente sedentária, nomeadamente as mulheres e os mais velhos, os de menor escolaridade e de classe social mais baixa. Entre os principais fatores de risco individuais a combater destacam-se, além do sedentarismo, a alimentação inadequada, que obrigam a uma especial atenção à sua efetiva prevenção, deteção e correção, não apenas no que diz respeito às ações que evitam a perda da saúde mas também todos os cuidados que promovem a sua recuperação”.

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