Um estudo da Universidade da Carolina do Norte, encomendado pelo Banco Mundial, dá conta de que a obesidade pode ter um efeito devastador nos doentes infetados com covid-19. A vacina, que ainda está por surgir, poderá ter menos eficácia em doentes com excesso de peso.
De acordo com o documento académico, aqui publicado no jornal “The Guardian”, os infetados que sofrem de obesidade têm 48% mais risco de morrer. O risco de internamento (113%) e de admissão nos cuidados intensivos (74%) aumenta substancialmente também para aqueles com sobrepeso.
O diário britânico diz que esta conclusão, que revela um cenário mais complicado do que anteriormente referido, deverá levar os governos a investir na erradicação da obesidade, um cenário cada vez mais complicado no seguimento do encerramento de escolas e dos constrangimentos que todos os clubes de todas as modalidades têm sofrido para travar a propagação do vírus.
De acordo com a informação no site da Direção-Geral da Saúde, diversos estudos indicam que existe, na população portuguesa adulta, uma prevalência do excesso de peso e da obesidade na ordem dos 40%, sendo mais elevada nas pessoas com mais de 55 anos e nas de escolaridade e classe social mais baixas. Apesar do valor oferecido pela DGS, a situação parece bem mais grave se pegarmos no relatório da Health at a Glance da OCDE, de novembro, que revelou que 67,6% da população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. Ou seja, Portugal estacionava então no quarto lugar da lista de países da OCDE com população mais obesa.
O “Guardian” escreve no mesmo artigo que tanto os Estados Unidos como o Reino Unido revelam dados preocupantes, com 40% e 27% das respetivas populações a sofrerem de obesidade.
Segundo o estudo da Universidade da Carolina do Norte, as pessoas com um índice de massa corporal acima dos 30 correm mais riscos perante a covid-19 em todos os sentidos, tal como vimos em cima. E o resultado do mesmo documento não deixou de impressionar o investigador que liderou a investigação. “É um efeito muito grande para mim”, reconheceu ao “Guardian” Barry Popkin. “É um aumento de 50% essencialmente. É um número muito alto e assustador. Todos os dados são, aliás, muito mais altos do que eu esperava”, admitiu, indo mais longe quando questionado sobre os efeitos da obesidade nos internamentos, nos cuidados intensivos e na mortalidade: “[Os valores] chocaram-me, para ser honesto”.
O que diz a DGS sobre a obesidade?
“A obesidade é um importante problema de saúde pública e uma doença crónica, com génese multifactorial, que requer esforços continuados para ser controlada, constituindo uma ameaça para a saúde e um importante fator de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças”, explica no site oficial.
E continua: “Os benefícios na saúde das pessoas obesas, conseguidos através da perda intencional de peso, principalmente se mantida a longo prazo, podem manifestar-se na saúde em geral, na melhoria da qualidade de vida, na redução da mortalidade e na melhoria das doenças crónicas associadas, com destaque para a diabetes tipo 2. Na população portuguesa adulta, diversos estudos indicam uma prevalência do excesso de peso e da obesidade na ordem dos 40%, sendo mais elevada nas pessoas com mais de 55 anos e nas de escolaridade e classe social mais baixas”.
Mais: “A obesidade está ligada a uma grande mortalidade e morbilidade, sendo que as complicações associadas podem ser responsáveis por 5 a 10% dos custos de saúde. Os padrões e níveis de atividade física nacionais indicam uma população eminentemente sedentária, nomeadamente as mulheres e os mais velhos, os de menor escolaridade e de classe social mais baixa. Entre os principais fatores de risco individuais a combater destacam-se, além do sedentarismo, a alimentação inadequada, que obrigam a uma especial atenção à sua efetiva prevenção, deteção e correção, não apenas no que diz respeito às ações que evitam a perda da saúde mas também todos os cuidados que promovem a sua recuperação”.
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