“As responsabilidades na área da saúde estão a ser apuradas”, respondeu Marta Temido quando questionada sobre as recentes notícias sobre o presidente da Administração Regional da Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo. Na habitual conferência de imprensa, a ministra da Saúde recusou a possibilidade de tornar públicos os vários relatórios que estão a ser analisados pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e que dão conta do desenvolvimento e a forma de atuação das autoridades durante o surto no lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas.
Marta Temido detalhou os documentos que foram enviados ao Ministério da Saúde e remetidos para a IGAS: o relatório da Ordem dos Médicos - ao qual o Expresso teve acesso -, uma avaliação realizada pela Saúde Pública Regional e uma pronúncia que foi pedida pelo gabinete do secretário de Estado sobre o documento da Ordem à ARS do Alentejo e à DGS.
Marta Temido garantiu que “as responsabilidades que possam vir a ser apuradas” sobre o surto num lar de Reguengos de Monsaraz sê-lo-ão “em sede própria”. “O Ministério da Saúde, com os documentos que recebeu, acionou a sua estrutura inspetiva, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, pedindo a avaliação das responsabilidades dos intervenientes na área da saúde”, precisou a ministra.
Face aos documentos enviados, prosseguiu Marta Temido, “interessa-nos perceber quais os aspetos que merecem uma responsabilidade específica, designadamente em termos de procedimentos mas também de responsabilidades eventualmente disciplinares”.
Esta segunda-feira, o Expresso avançou que José Robalo, presidente da ARS Alentejo, ameaçou os médicos que se encontravam na linha da frente no combate ao surto do lar em Reguengos de Monsaraz e que denunciaram as más condições da instituição. O relatório da Ordem dos Médicos remete responsabilidades para a ARS e as autoridades de saúde.
António Costa saiu esta terça-feira em defesa da ministra Ana Mendes Godinho, garantindo que o Governo e os serviços da Segurança Social tinham agido a tempo e horas para apurar todas as responsabilidades na gestão do Lar de Reguengos de Monsaraz. Pormenor: a investigação só foi pedida a 12 de julho, quando já tinham morrido 16 pessoas. Mais: o primeiro aviso formal dos médicos foi feito a 21 de junho, três semanas antes. Outro pormenor: o Ministério Público já estava a investigar o caso mesmo antes de o Governo pedir.
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