A Ordem dos Médicos diz estar preocupada com as consequências da norma emitida em maio pela Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre o rastreio de contactos por covid-19 nos contactos de alto risco com casos de infeção ao decidir que deixa de ser obrigatória a realização de teste de diagnóstico laboratorial, ficando essa decisão ao critério da avaliação de risco feita pelas autoridades de saúde.
"Não existindo limitação de recursos de diagnóstico, que seja do nosso conhecimento, devemos aproveitar esta fase e insistir para resolver os atuais surtos e preparar o país para uma segunda vaga, garantindo a retoma económica em pleno", afirma a Ordem dos Médicos no comunicado emitido este sábado.
Para a Ordem dos Médicos, esta decisão vai em sentido oposto às boas práticas de “testar, testar, testar”, que têm vindo a ser defendidas por várias estruturas, nomeadamente pela própria Organização Mundial da Saúde. "Esta norma poderá contribuir para um aumento do número de casos no nosso país, mesmo que não identificados como tal, uma vez que atrasa a possibilidade de travar novas cadeias de transmissão secundárias geradas por doentes assintomáticos" pode ainda ler-se no referido texto.
A Ordem não deixa de sublinhar ainda que "estranha a coincidência temporal da publicação desta norma, que surge numa altura em que o número de novas infeções no país estava a ter impacto externo ao nível do turismo". Diz mesmo ser "absolutamente inaceitável, e sobretudo muito perigoso para a saúde pública, que uma norma técnica de uma autoridade de saúde se subjugue aos interesses políticos. Não é sério que Portugal publique uma norma sem evidência científica e que gera uma falsa sensação de segurança, com a redução de novos casos conseguida à custa de não testar pessoas com alto risco".
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