Coronavírus

Covid-19. Presidente sérvio admite recuar em nova quarentena depois de protestos nas ruas

Protestos em Belgrado, capital da Sérvia, acabaram em violência
Protestos em Belgrado, capital da Sérvia, acabaram em violência
Martyn Aim

Aleksandar Vucic diz, ainda assim, que continua a achar que a quarentena é a melhor solução para travar os novos casos. E acusa os manifestantes de não estarem preocupados com a pandemia

Aleksandar Vucic considerava que a melhor forma de travar os novos surtos de covid-19 no país que dirige, a Sérvia, era um novo recolher obrigatório — “e ainda acho”, garante. Porém, o presidente sérvio disse esta quarta-feira que esta disposto a recuar nessa intenção, depois de na noite anterior milhares de manifestantes se terem envolvido em confrontos com as forças policiais e tentado invadir o Parlamento do país.

Na terça-feira, os responsáveis pelos serviços de Saúde da Sérvia tinham anunciado o mais elevado número de mortos num único dia devido à covid-19. Ato contínuo, Vucic falou na imposição de uma nova quarentena, a ser aplicada a partir do próximo fim de semana.

A primeira terminou em maio e a 21 de junho o país foi a eleições legislativas, que colocaram Vucic no poder. Os opositores acusam o líder conservador sérvio de ter contribuído para o aumento dos números de mortes e de novas infeções após ordenar o levantamento das anteriores medidas de confinamento e de reabrir a economia, decisão que dizem ter sido tomada para reforçar o próprio poder. Vucic recusa as acusações.

Esta quarta-feira, o Presidente sérvio recuou nas intenções de recolher, referindo que a medida não pode ser aplicada sem a proclamação do estado de emergência nacional. Vucic disse que “muito provavelmente não haverá recolher obrigatório”, apesar de continuar a apoiar as medidas de contenção. Indicou ainda que o Governo vai decidir sobre novas medidas, que podem implicar a redução do horário dos clubes noturnos e penalizações para quem não usar máscara.

Numa referência aos incidentes na noite de terça-feira, sugeriu o envolvimento de serviços secretos estrangeiros nos protestos “de manifestantes de extrema-direita e pró-fascistas”. No entanto, não identificou as agências de espionagem alegadamente envolvidas e defendeu a atuação da polícia contra as acusações de uso excessivo da força.

“Nunca permitiremos a desestabilização da Sérvia vinda do interior ou do estrangeiro”, disse Vucic, acrescentando que o protesto “nada teve que ver com o coronavírus”.

Na terça-feira o Ministério da Saúde revelou que 13 pessoas haviam morrida nas anteriores 24 horas na Sérvia e confirmou 299 novos casos de covid-19. Estes dados elevaram para 16.719 os casos confirmados, incluindo 330 mortos, desde o início da pandemia na Sérvia, que registou um recolher obrigatório dos mais rigorosos em toda a Europa, até uma reabertura quase total no início de maio.

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