Coronavírus

Covid-19. Imunes e sem anticorpos: o mistério por desvelar de quem superou o vírus

Covid-19. Imunes e sem anticorpos: o mistério por desvelar de quem superou o vírus
Radoslav Zilinsky / Getty Images

O número de assintomáticos é bastante elevado e muitos ficam imunes à covid-19, sem que no entanto desenvolvam anticorpos. A defesa pode estar no desenvolvimento de linfócitos

Meio ano volvido desde que a pandemia alastrou pelos quatros cantos do globo e entrincheirou a população mundial em casa, são ainda muitos os mistérios que encobrem a complexidade do SARS-CoV-2, causador da doença covid-19. A comunidade científica procura tratamentos, uma vacina e explicações. Uma das dúvidas que continua a intrigar os especialistas é o facto de muitos dos infetados que superaram o vírus terem ficado imunes sem, no entanto, terem criado anticorpos, escreve o “El País”.

Vários estudos têm tentado encontrar a resposta para este mistério. Um deles, efetuado na China e que analisou aproximadamente 40 voluntários, procurava identificar novas cadeias de contágio. Os participantes nesta investigação científica testaram positivo, mas estavam assintomáticos.

As conclusões do estudo, publicado na "Nature Medicine", revelam que as pessoas assintomáticas segregam vírus potencialmente contagiosos durante mais dias do que os pacientes que desenvolvem sintomas.

O mais intrigante deste trabalho reside, contudo, na verificação de que os níveis de anticorpos nos infetados assintomáticos era mais baixo, com tendência a decair rapidamente com o tempo, tornando-se indetetáveis ao fim de dois meses. Isto quer dizer que, se voltarem a contactar com o vírus, não terão anticorpos para travá-lo.

“É o primeiro trabalho publicado e revisto pelos pares que mostra este facto desapontante”, começa por dizer Marcos López Hoyos, presidente da Sociedade Espanhola de Imunologia, citado pelo "El País".

Mas nem tudo é negro ou tão claro: “Os estudos efetuados até agora centram-se apenas numa parte da imunidade, a que depende dos anticorpos”, frisa o especialista, acrescentando que existe outra forma de defesa que pode ser mais eficaz, baseada em células conhecidas como linfócitos — nomeadamente os CD8, capazes de matar células infetadas, e os CD4, responsáveis pela produção de novos anticorpos.

O único estudo centrado nesta diferente forma de imunidade, elaborado por médicos alemães do Hospital Universitário de Tubinga, indica que 100% dos infetados desenvolve um escudo celular baseado nos linfócitos.

Embora os resultados sejam ainda preliminares, os dados apontam igualmente que 80% das pessoas analisadas apresentam linfócitos de memória, capazes de identificar a presença do novo coronavírus.

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