Maria queria um caderno “dos antigos”, de duas linhas, dos que facilitam o arrumar da caligrafia das crianças quando aprendem a escrever. “Pedi à minha filha e ela trouxe-mo”. Está em cima da mesa móvel, junto às cascas da laranja, com um texto escrito em inglês, a lápis, inventado na hora. “July 11”, escreveu, com os dedos magros e as letras tortas de uma caligrafia perfeita mas perdida no coma dos cuidados intensivos do Hospital de São João.
Não tem consciência deles. “Quando acordei, perguntaram-me que dia era. Não sabia.” Onde estava? “Não sabia.” Apontou para o início de abril, altura em que a médica a anestesiou para “fazer umas coisas”. Ficou 11 dias a dormir e perdeu um quilo por cada um deles. Acordou já era fim do mês.
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