O presidente da Área Metropolitana do Porto defendeu, esta terça-feira, que é necessário ponderar uma estratégia alternativa para a região, com ou sem TAP, tendo criticado o plano de retoma da atividade que “vem agudizar a hostilidade” à gestão seguida. O plano de retoma das operações da transportadora aérea prevê 27 voos semanais até ao final de junho e 247 no mês seguinte, sendo a esmagadora maioria de Lisboa.
“A situação criada pela TAP é incompreensível e só vem agudizar o sentimento de hostilidade ao modelo de gestão que está a ser seguido”, afirma Eduardo Vítor Rodrigues, numa declaração à Lusa. O autarca socialista de Vila Nova de Gaia salienta que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro não é um aeroporto apenas de voos low cost e defende que as populações do Norte “não mereciam este tratamento”.
“O assunto será de novo tratado no âmbito político com o Primeiro-Ministro, mas importa começar a ponderar uma estratégia alternativa para a região, com TAP ou sem TAP. Se a TAP acha que pode abdicar do Norte, seguramente o Norte abdicará da TAP", conclui Eduardo Vítor Rodrigues. A companhia aérea já tem a informação da retoma da atividade disponível no seu 'site', avisando que as rotas podem vir a ser alteradas caso as circunstâncias o exijam. O plano da TAP para julho prevê a reposição das ligações diretas do Porto a Paris, Luxemburgo e à Madeira.
O gabinete de comunicação da companhia aérea de bandeira nacional avança ao Expresso que a reposição de uma parte ínfima da operação da TAP está a ser feita, em qualquer um dos aeroportos onde a companhia opera, “de forma muito lenta e gradual e correspondendo aos ténues sinais que a procura vai dando”. Assim, em julho, os voos a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro terão como destino Paris, Luxemburgo e Madeira. “Incide justamente nas ligações onde a procura justifica a reposição de voos diretos”, justifica a TAP, sublinhando que “não existe ainda procura suficiente à partida do Porto” para a reposição de qualquer outra rota.
“Ninguém mais do que a TAP deseja a reposição rápida de todos os voos mas tal resultará, mais uma vez, de um processo longo e gradual”, avança a transportadora.
Para Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga e do Eixo Atlântico, a posição de desvalorização da TAP em relação à região é incompreensível, advertindo que várias transportadoras aéreas querem retomar voos para o Porto, como a Suiss Air, a Lufthansa, a Air France ou a Turkish Airlines. “Que se saiba, não vêm cá fazer favores, não são operadoras de serviço público mas de voos comerciais, razão porque ninguém entende que se a operação é sustentável e com potencial de negócio para as outras companhias não o seja para a TAP”, afirma o autarca do PSD, que conclui que a administração da TAP, agora como no passado, está a cometer “um erro de gestão”.
O aeroporto do Porto é ainda um “importante hub para a Galiza”, tendo o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, frisado que o Sá Carneiro movimenta mais galegos do que os três aeroportos do lado de lá da região fronteiriça.
Rui Moreira lembrou esta terça-feira que a TAP tem olhado para o Porto de “forma oportunista”, lembrando que a companhia de bandeira só voltou ao Porto depois de ter eliminado rotas e voos internacionais, quando percebeu que o Aeroporto Sá Carneiro “crescia”.
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