Coronavírus

Covid-19. Linha de apoio psicológico atende em média 233 chamadas por dia. Desempregados e estudantes são os que mais telefonam

Covid-19. Linha de apoio psicológico atende em média 233 chamadas por dia. Desempregados e estudantes são os que mais telefonam
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Em funcionamento desde o dia 1 de abril, a linha de apoio psicológico do SNS24 já atendeu 6761 chamadas. Destas, 741 foram feitas por profissionais de saúde, segundo dados disponibilizados pelo Governo ao “Jornal de Notícias”

Covid-19. Linha de apoio psicológico atende em média 233 chamadas por dia. Desempregados e estudantes são os que mais telefonam

Helena Bento

Jornalista

Em funcionamento desde o dia 1 de abril, a linha de apoio psicológico do SNS24 já atendeu 6761 chamadas e são os estudantes e os desempregados quem mais tem pedido ajuda. Os números foram disponibilizados ao “Jornal de Notícias” pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).

Em média, são atendidas 233 chamadas por dia mas a 13 de abril esse número atingiu um pico: 334. Do total de chamadas, 741 foram feitas por profissionais de saúde. Por que razões telefonam as pessoas? Devido a “situações de stress, ansiedade e pedidos de esclarecimento sobre questões ligadas à incerteza sobre a situação laboral ou à duração do isolamento social”, no contexto da pandemia de covid-19, esclareceu a entidade.

Resultados em linha com estudos sobre impacto psicológico

Foram já vários os estudos realizados em Portugal sobre o impacto da pandemia e do isolamento ao nível da saúde mental. O mais recente é de finais de abril e foi realizado pelo Instituto de Psicologia Clínica e Forense em colaboração com outras entidades. Foi aí revelado que quase metade da população portuguesa (49,2%) se diz psicologicamente afetada pela covid-19, e que os trabalhadores em regime presencial e as pessoas que habitam em zonas rurais são mais atingidas pela ansiedade e depressão.

Um dia antes, a 28 de abril, tinha sido divulgado outro estudo, realizado por psiquiatras do hospital Júlio de Matos, em Lisboa, que veio mostrar que os estudantes com mais de 18 anos são um dos grupos mais afetados pelas medidas de isolamento social, logo atrás dos desempregados.

Também em abril, a Escola de Medicina da Universidade do Minho divulgou os primeiros resultados de um estudo, baseado em inquéritos semanais, que pretende avaliar o impacto psicológico do isolamento social a que a população portuguesa se prestou por causa do novo coronavírus, e quais os fatores protetores para a saúde mental. Percebeu-se, logo aí, que as pessoas que continuam a trabalhar, em regime presencial ou teletrabalho, apresentam melhores indicadores globais de saúde mental. O mesmo sucede com quem pratica mais exercício físico e consome menos informação sobre a pandemia.

Em entrevista recente ao Expresso, o bastonário da Ordem dos Psicólogos, Francisco Miranda Rodrigues, chamava a atenção para a importância da linha de apoio psicológico do SNS24, criada em colaboração com a Ordem, referindo, por exemplo, que “não se trata necessariamente de intervir em pessoas que já têm uma perturbação psicológica, mas sim ajudar pessoas que, mesmo não tendo desenvolvido qualquer perturbação, têm dificuldades em lidar com um desafio específico num determinado momento”.

Segundo dados avançados pelo próprio, o serviço conta com 63 psicólogos especializados em psicologia clínica e da saúde, e divididos por quatro turnos. Além destes, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde contrataram mais 140 para o serviço informativo da covid-19. “São cerca de 200 psicólogos no total”, esclareceu então. A linha estará em funcionamento até 31 de julho, mas há a possibilidade de prolongar o serviço para lá dessa data.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hrbento@expresso.impresa.pt

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