Coronavírus

Covid-19. Primeira semana de desconfinamento é “encorajadora”, assume ministra da Saúde

Covid-19. Primeira semana de desconfinamento é “encorajadora”, assume ministra da Saúde
ANTÓNIO COTRIM

Reagindo à notícia do Expresso, dando conta de que o SNS não aguentaria um pico do novo coronavírus superior ao de abril, Marta Temido destacou os esforços feitos pelo país para "aquisição de equipamentos e de alocação de recursos humanos". Governante sublinhou a mortalidade com “diminuição consistente” desde 15 de abril e garante que Portugal nunca utilizou a sua capacidade total em cuidados intensivos

A ministra da Saúde, Marta Temido, considerou este sábado que a primeira semana de desconfinamento "é encorajadora", dados os comportamentos registados, mas frisou a necessidade de preservar "regras distintas" para haver uma retoma gradual à "normalidade possível".

"Estamos quase a chegar ao final da primeira semana de desconfinamento e, de forma geral, penso que aquilo que é a perceção de todos nós e a informação que resulta dos relatórios que vamos produzindo é encorajadora", disse a responsável, falando na habitual conferência de imprensa diária relativa à evolução da pandemia no país, em Lisboa.

Marta Temido fez tal consideração tendo em conta "a evolução da informação disponível", numa altura em que o Governo acompanha de perto o cumprimento das medidas em vigor, nomeadamente através de "unidades de epidemiologia e de bioestatística".

"Temos de continuar atentos, mas temos também de combinar a atenção, a preservação das medidas que aprendemos, com a confiança na nossa necessidade de retomar a normalidade possível, da nossa vida, com regras distintas das que todos desejaríamos, mas necessárias para retomar a nossa atividade laboral, escolar e económica", apontou Marta Temido.

Presente da ocasião, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, ressalvou porém que é preciso "esperar mais uns dias" para avaliar o real impacto do desconfinamento.

"Já percebemos todos que o país não é simétrico [...] e, sobretudo, o que se verifica são focos", destacou Graça Freitas, reiterando que "desconfinar não é relaxar".

Ainda assim, a responsável comentou que, "até agora, os números são encorajadores".

Portugal contabiliza 1.126 mortos associados à covid-19 em 27.406 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 12 mortos (+1,1%) e mais 138 casos de infeção (+0,5%).

Mortalidade com "diminuição consistente" desde 15 de abril

A ministra da Saúde defendeu que a curva de mortalidade por covid-19 revela uma "diminuição consistente" desde 15 de abril, mas avisou que o risco de um infetado contaminar outras pessoas indica que continua a ser necessária proteção diária.

"A curva de mortalidade por covid-19 mostra uma diminuição consistente desde o dia 15 de abril, o que é bastante relevante", afirmou Marta Temido, que falava aos jornalistas, em Lisboa.

Citando dados do Instituto Ricardo Jorge, a governante revelou que o RT, indicador referente ao número médio de casos secundários de contaminação por cada pessoa infetada, se fixou, entre 01 e 05 de maio, em 1,04.

De acordo com a ministra da Saúde, este valor mostra que o número de novos casos a cada geração é "relativamente constante".

Assim, defendeu, continua a haver necessidade de "ter os cuidados necessários nos gestos básicos" da vida diária, "especialmente neste período de alívio das medidas de confinamento".

Portugal nunca utilizou a sua capacidade total em cuidados intensivos

Marta Temido disse também que a capacidade do país na área dos cuidados intensivos ainda não foi totalmente utilizada para a resposta à covid-19, e destacou o aumento de 35% destas camas em 60 dias.

"Nós nunca chegámos a utilizar o total da nossa capacidade na resposta à covid-19", declarou a responsável, falando na habitual conferência de imprensa diária relativa à evolução da pandemia no país, em Lisboa.

"E estamos a utilizar este momento de necessidade de melhorar a resposta do país para um eventual recrudescimento do surto e também para acomodar, em simultâneo, a retoma da atividade do Serviço Nacional de Saúde [SNS], de forma a nos aproximarmos daquilo que é a meta, que é ficarmos na média europeia de 11,5 camas de cuidados intensivos por 100 mil habitantes", acrescentou a governante.

Reagindo à notícia do semanário Expresso, que dá conta que o SNS não aguentaria um pico do novo coronavírus superior ao que foi registado no país em abril passado, Marta Temido destacou os esforços feitos pelo país para "aquisição de equipamentos e de alocação de recursos humanos" aos serviços de cuidados intensivos, mencionando um "aumento de 35% em cerca de 60 dias" das camas ali disponíveis.

"Passámos de cerca de 528 camas de adultos [...], para 713", precisou a responsável, assegurando que o executivo vai continuar "a alargar" a capacidade do país no que toca aos cuidados intensivos.

Porém admitiu que "não está tudo feito" nestes serviços, nomeadamente em termos de equipamentos, o que atribuiu aos "constrangimentos vários" na aquisição de material, que estão a atrasar as entregas, nomeadamente de ventiladores.

DGS está a terminar preparação do regresso das visitas a lares

A ministra da Saúde garantiu que a DGS e autoridades competentes vão concluir, até ao final da semana, a preparação do regresso das visitas a lares e unidades de cuidados de saúde, entre outros.

"Neste momento, as autoridades de saúde, a DGS e outros setores que articulam com estas áreas, estão a concluir, esperemos que até ao final da semana, temas como o regresso a estruturas residenciais para idosos e unidades de cuidados de saúde continuados e integrados [...], creches, transportes públicos e futebol", afirmou Marta Temido, que falava aos jornalistas em Lisboa.

Sem avançar com mais detalhes, a governante disse que os termos técnicos desta preparação vão ser "oportunamente transmitidos".

Durante a sua intervenção, a governante referiu ainda que o Ministério da Saúde tem estado focado na retoma da atividade assistencial no Serviço Nacional de Saúde, que contemplará aspetos como o recurso a meios não presenciais, nomeadamente, à telesaúde, programas de telerastreio e telemonitorização.

Por outro lado, a retoma vai incluir o desfasamento de horários de atendimento, mesmo ao fim de semana, bem como o agendamento por hora marcada, "garantindo que os utentes permanecem o menor tempo possível nos estabelecimentos prestadores".

Segundo Marta Temido, o Governo vai ainda continuar focado "no acompanhamento da situação epidemiológica nos patamares local, distrital, regional e nacional, com especial atenção à identificação de novos 'clusters', focos e grupos de infeção".

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