Coronavírus

Número de mortes em Inglaterra e País de Gales atinge máximos de 20 anos

Número de mortes em Inglaterra e País de Gales atinge máximos de 20 anos
Alex Livesey - Danehouse/Getty Images

A culpa pode ser direta e indiretamente da propagação deste novo vírus mas as verdadeiras causas deste aumento geral da mortalidade pode "demorar anos a explicar"

Número de mortes em Inglaterra e País de Gales atinge máximos de 20 anos

Ana França

Jornalista da secção Internacional

A culpa é deste novo coronavírus - direta e indiretamente. A parte mais óbvia é a dos números oficiais: já morreram mais de 16.500 pessoas com coronavírus no Reino Unidos deste o início da pandemia, segundo números do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês). Mas só na semana de 4 a 10 de abril o Instituto Nacional de Estatística registou 18.500 mortes em Inglaterra e no País de Gales, que partilham a gestão dos serviços ao contrário da Escócia e da Irlanda no Norte que têm os seus SNS, mais 8000 do que a média registada nesta altura do ano nos últimos 20 anos.

A covid-19 foi diretamente responsável por 6200 mortes, um sexto das quais em casa, mortes que, como não acontecem nos hospitais, os números do SNS britânico que todos os dias são revelados à imprensa por volta das 17h (a mesma que em Portugal continental) não contemplam.

Só que ao lermos o boletim semanal do Instituto Nacional de Estatística do Reino Unido reparamos que as mortes por outras causas também aumentaram e fica claro que teríamos de recuar até 2000 para encontrar uma outra semana com tantas mortes registadas, o que também se verificou, ainda que em menor número, na Escócia e na Irlanda do Norte.

O principal analista destes dados, Nick Stripe, disse à BBC que o número podia ainda ser revisto porque na Sexta-feira Santa alguns notários que registam os óbitos estiveram fechados.

A equipa de Stripe diz ainda está a tentar entender o que é que se está a passar com estas mortes aparentemente não relacionadas com a covid-19 mas o estatístico especialista em saúde adiantou algumas razões que já temos ouvido em outros países, incluindo em Portugal: há quem não queira ir ao hospital por medo de ser contaminado com o novo coronavírus o que pode querer dizer que estas medidas de contenção, este confinamento, está a colocar em perigo a saúde das pessoas que não estão infetadas com o vírus.

Desde que a pandemia começou, as entradas nas urgências dos hospitais em Inglaterra e País de Gales caíram para metade. “Podemos demorar anos a resolver estas dúvidas”, acrescentou ainda.

Os números do Instituto Nacional de Estatística são diferentes porque incluem mortes em lares, centros de ajuda comunitários, clínicas e na própria casa do doente. Pelo menos 1000 pessoas morreram em lares de idosos desde que a pandemia começou.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt

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