As dívidas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) às companhias farmacêuticas e às empresas de dispositivos médicos está a subir desde o início do ano. Em fevereiro somava 949 milhões de euros, mais 62,8 milhões de euros face ao mês anterior e mais 99,4 milhões de euros do que em dezembro do ano passado, segundo dados da Apifarma – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica e da Apormed – Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos.
Depois do Estado ter saldado 474 milhões de euros de dívidas de medicamentos e de dispositivos médicos aos fornecedores dos hospitais públicos entre novembro e dezembro de 2019, as faturas em atraso voltam a entrar, de novo, num curva ascendente.
Dos 949 milhões de euros por pagar, 718,3 milhões de euros são dívidas a laboratórios e 230,7 milhões de euros dizem respeito a dispositivos médicos, como próteses.
Por sua vez, deste total, 544,5 milhões de euros são dívida vencida, ou seja, que já passou o prazo de pagamento.
É prática corrente o Estado de fazer injeções de capital para saldar faturas em atraso, sobretudo em finais de ano, e 2019 não foi uma exceção, com um reforço de 550 milhões de euros destinados à redução dos pagamentos em atraso do SNS. Este valor foi canalizado para a chamada dívida vencida, ou seja, em atraso há mais de 90 dias, já que a antiguidade das faturas ditam a prioridade quando é disponibilizado dinheiro para fazer contas com os fornecedores.
A braços com custos substanciais para fazer face à pandemia de covid-19 - não só no SNS, mas também em apoios extraordinários às famílias e aos empresários -, muito dificilmente este será o ano em que o Governo coloca a zeros a conta com farmacêuticas e com as empresas de dispositivos médicos.
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