Coronavírus

Schäuble: "Podemos exercer solidariedade com todos os instrumentos europeus que já existem"

Schäuble: "Podemos exercer solidariedade com todos os instrumentos europeus que já existem"
reuters

O presidente do Parlamento Federal alemão alinhou posição com os ministros das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. Numa entrevista a diários espanhóis, Wolfgang Schäuble defendeu que o impacto da "maior crise que a União Europeia conheceu desde a sua fundação" pode ser combatido com mecanismos europeus já existentes

Schäuble: "Podemos exercer solidariedade com todos os instrumentos europeus que já existem"

Cristina Peres

Jornalista de Internacional

“Não devemos prender-nos em lutas do passado”, declarou Wolfgang Schäuble esta terça-feira em entrevista a jornais diários do grupo espanhol LENA, defendendo que a União Europeia tem instrumentos financeiros para aplicar nesta situação de crise pandémica, por muito inédita que ela seja.

Não há, por isso, pertinência para avançar para uma mutualização da dívida como defende Espanha, Itália e outros Estados-membros, diz Schäuble.

O presidente do Parlamento Federal, ator de primeira linha da política europeia e alemã das últimas décadas e, em particular, da crise financeira que ameaçou a sobrevivência do euro, admitiu ainda assim que a pandemia “é um desafio muito maior do que a crise financeira para a Alemanha, para a Europa e para toda a humanidade”.

Daí que cooperação é o que a Europa precisa. O presidente do Bundestag deu como exemplo os estados federados alemães, que têm autonomia para tomar decisões em termos de saúde pública, mas que agem em colaboração a nível nacional.

Quanto à ajuda que é requerida à Alemanha, Wolfgang Schäuble respondeu com a velocidade recorde com que foi aprovada a proposta da Comissão Europeia para apoiar a redução da jornada de trabalho para concluir: “Há muitas razões para assegurar que a Europa é solidária, mas cada um deve fazer a sua parte, a solidariedade nunca tem uma só direção”.

A possibilidade de haver uma mutualização da dívida defendida por nove países, entre os quais Portugal, não está sobre a mesa desde ontem, mas a Alemanha mantém a sua resistência, com isso influenciando outros Estados-membros (Áustria, Holanda, Finlândia).

Inicialmente contra os “eurobonds” e agora contra os “coronabonds” a resposta de Schäuble alinha com a dos ministros alemães das Finanças, Olaf Scholz, e dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, que emitiram esta segunda-feira um comunicado conjunto, no qual defendiam a utilização de mecanismos europeus, intitulado “Uma resposta à crise do coronavírus na Europa baseada na solidariedade”.

“Temos de trabalhar com os instrumentos que temos e que farão efeito mais rapidamente em vez de discutirmos sobre novos argumentos e instrumentos para os quais teríamos de adaptar os Tratados Europeus, coisa que não se faz com rapidez”, disse o ex-ministro das Finanças, exemplificando: “É por isso melhor utilizarmos o Mecanismo de Estabilidade Europeu, onde temos €500 mil milhões. Juntamente com os recursos do Banco Central Europeu, podemos assegurar que todos os países podem superar os seus problemas financeiros com baixas taxas de juro. Há ainda o Banco Europeu de Investimento cujo programa de garantias poderia ser ampliado se fosse necessário e incrementar o capital dos Estados-membros”.

Wolfgang Schäuble referiu ainda que as “novas prioridades” europeias serão discutidas nas próximas semanas a nível de planeamento a médio prazo.

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