Covid-19. Misericórdia de Ourique apela a Marcelo
Instituição garante não ter recebido qualquer apoio no combate à pandemia. Provedor Raúl dos Santos diz que Alentejo está “abandonado” e é “bastardo”
Instituição garante não ter recebido qualquer apoio no combate à pandemia. Provedor Raúl dos Santos diz que Alentejo está “abandonado” e é “bastardo”
“Decorrido quase um mês sobre os alertas referentes à pandemia que nos assola, a Santa Casa da Misericórdia de Ourique não recebeu uma única máscara, um simples par de luvas, um singelo frasco de álcool gel”. O desabafo é de José Raúl dos Santos, provedor da instituição, que, em carta aberta ao Presidente da República destaca ainda a “ausência de testes”, em Ourique e muitos pontos do Alentejo, e a “consequente preocupação acerca da possibilidade de existirem residentes ou colaboradores infetados nos lares”. O provedor apela, por isso, ao apoio de Marcelo Rebelo de Sousa no combate à propagação do novo coronavirus na região.
Na carta, a que o Expresso teve acesso, Raúl dos Santos refere que “não há dia em que, através das televisões, não veja aviões a desembarcar, nos aeroportos portugueses, material de proteção”. No entanto, o “destino será qualquer um, menos este Alentejo que muitos classificam como ‘profundo’”, mas que o provedor da Santa Casa de Ourique “só pode apelidar, por experiência própria, como abandonado e bastardo”. Um sentimento que, garante, “acentua-se de dia para dia” e está a conduzir a “um patamar de desânimo e consequente revolta”.
Ainda na missiva, Raúl dos Santos, histórico do PSD e antigo presidente da Câmara de Ourique pelo partido, critica Marcelo Rebelo de Sousa por, “aparentemente, estar mais preocupado em prestar declarações numa varanda no meio da quarentena a que se auto-impôs ou a posar para as câmaras numa plantação de tomate ou numa fábrica de produtos químicos”. E compara essa atitude com a que o então presidente do PSD teve, em 1997, quando o baixo Alentejo foi assolado por inundações que provocaram vários mortos: “Recordo a forma disponível, voluntária, prestável e amiga como se dispôs a vir até à nossa terra, para nos dar a palavra de ânimo indispensável naquele momento difícil”.
“É esse professor Marcelo Rebelo de Sousa que eu quero”, conclui o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ourique, “disponível, atuante, solidário e atento a quem precisa, a quem está cada vez mais abandonado, a quem está votado ao esquecimento, a quem depende das autoridades para sobreviver e para ter condições para enfrentar uma situação gravíssima com que nos debatemos”.
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