Coronavírus

Equacionada criação de cordão sanitário no Porto: “Decisão será tomada esta segunda-feira”, avança DGS

Equacionada criação de cordão sanitário no Porto: “Decisão será tomada esta segunda-feira”, avança DGS
Rui Duarte Silva

Anúncio foi feito por Graça Freitas, diretora-geral da saúde. Também presente na mesma conferência de imprensa, o Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, atualizou o número de profissionais de saúde infetados. São já mais de 800, entre médicos, enfermeiros e técnicos

Equacionada criação de cordão sanitário no Porto: “Decisão será tomada esta segunda-feira”, avança DGS

Helena Bento

Jornalista

Está a ser equacionada a criação de um cordão sanitário no Porto, anunciou Graça Freitas, em conferência de imprensa. Segundo a diretora-geral da Saúde, será tomada uma decisão ainda esta segunda-feira. A hipótese de se avançar com esta medida está relacionada com o aumento de número de casos no concelho: de acordo com o boletim da Direção-Geral da Saúde, o número de casos de covid-19 passou de 417 no sábado para 941 no domingo.

Esta acabou por ser a informação mais relevante da comunicação aos jornalistas, em que Graça Freitas começou por afirmar que havia “cerca de 200” profissionais de saúde infetados. Porém, no final, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, corrigiu o número: são 853 os profissionais de saúde infetados. Destes, 209 são médicos, 117 enfermeiros e os restantes 467 “estão dispersos por outras atividades”, como auxiliares e técnicos.

Funcionários de lares e utentes vão ser todos testados, mas de forma “gradual e progressiva”

Os funcionários de lares e utentes sem sintomas também serão testados, mas de forma “gradual e progressiva”, esclareceu Graça Freitas. Lares “integrados em zonas de maior risco” serão considerados prioritários. Antes disso, António Lacerda Sales afirmou que a “testagem em populações de risco, como os idosos e os funcionários de lares, tem sido uma preocupação constante” e que “na próxima semana vão ser testados funcionários e utentes com suspeita de infeção”. Dada a propagação do vírus nos lares, os idosos que possam ficar ao cuidado de familiares no domicílio devem fazê-lo, desde que estejam garantidas as condições de isolamento social.

O secretário de Estado da Saúde chamou a atenção para a importância de ficar em casa (“Ficar em casa é salvar vidas”), num apelo dirigido a todos aqueles que “ainda não estão a seguir as recomendações de distanciamento social, tentados por uma manhã de sol ou uma falsa ideia de invencibilidade”. Segundo ele, as grandes prioridades do Ministério da Saúde são “testar, isolar, proteger e tratar”

De acordo com o governante, Portugal “continua a reforçar as suas reservas de equipamento de proteção individual e de testes”. “A reserva nacional recebeu mais de 66 mil testes, 5,2 milhões de máscaras cirúrgicas, 1,2 milhões de respiradores, entre outros equipamentos, como batas, botas”, entre outros. Está prevista a chegada esta segunda-feira, a Portugal, de “700 mil respiradores e 200 mil testes”, garantiu. Nos próximos dias, deverão chegar “100 toneladas de equipamento de proteção individual”.

Outros números partilhados pelo secretário de Estado da Saúde: confirmou-se um “um crescimento expressivo, a partir do dia 15 de março, no número de amostras processadas para diagnóstico, com testagem sempre acima de um milhar”. Só no dia 25 de março, acrescentou, foram “processadas mais de 5100 amostras”. “A capacidade laboratorial do país tem aumentado gradualmente ao longo da epidemia, graças ao incansável trabalho dos laboratórios da rede pública e da rede privada”, acrescentou.

Grávidas têm um "maior risco clínico de contrair a doença”

Carlos Veríssimo, diretor do Serviço de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo, também presente na conferência de imprensa desta segunda-feira, explicou que o risco de infeção nas grávidas é "semelhante ao do resto da população", mas "há um maior risco clínico de contrair a doença, desde logo devido à dificuldade no tratamento ventilatório e farmacológico". “Se tivermos 60 mil grávidas por todo o país, distribuídas pelos três trimestres, teremos cerca de 230 partos por dia. Teríamos seis grávidas infetadas sintomáticas. Quatro até agora, é mais ou menos o que se está a passar”, explicou.

São "raras" as evidências de transmissão do vírus de mãe para filho durante a gravidez, disse ainda, à semelhante do que têm afirmado outros especialistas, nacionais e internacionais. O esclarecimento é feito na sequência da descoberta de um caso, na China, em que tudo indica que terá havido essa transmissão.

Contenção social e separação são “palavras de ordem” para as grávidas

A "palavra de ordem", para Carlos Veríssimo, é "contenção social", devendo as "grávidas, preferencialmente, ser vigiadas no domicílio, no caso de haver condições para tal". "Devem ser evitadas deslocações desnecessárias aos centros de saúde e hospitais, exceptuando-se as situações respiratórias agudas e urgências obstetrícias".

O diretor do Serviço de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo, esclareceu ainda que as grávidas são consideradas um "grupo prioritário" para a realização de testes, "se tiver havido um contacto de risco e mesmo que não tenham sintomas".

Além de "contenção social", há outra "palavra de ordem", que é "separação" - separação das grávidas infetadas com codiv-19 e não infetadas nas unidades hospitalares. "Devem ser criados circuitos para promover a separação dessas duas áreas", afirmou, acrescentando que deve ser feita uma gestão dos profissionais de saúde que lidam com grávidas "de modo a não trabalharem todos em simultâneo".

Sobre os partos, Carlos Veríssimo deixou algumas recomendações, como o facto de serem feitos “em salas isoladas, idealmente de pressão negativa”, e a “criação de circuitos isolados para impedir que grávidas infetadas contactem com grávidas não infetadas”. “Evitar a presença de terceiros durante o parto” é outra das recomendações, assim como a realização de testes a todos os recém-nascidos.

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