A Câmara do Porto não foi informada nem consultada sobre a imposição de uma cerca sanitária em torno do concelho. Se a medida for avante, o executivo de Rui Moreira alerta que “deixa de reconhecer autoridade à diretora-geral da Saúde, entendendo as suas declarações como um lapso seguramente provocado por cansaço". A confirmar-se, este será o terceiro cerco da história da cidade.
A Câmara do Porto foi surpreendida, esta segunda-feira, por uma “inopinada e extemporânea” referência por parte da diretora-geral da Saúde “de que estaria a ser equacionado um cerco sanitário ao Porto”. Tal medida, “absurda num momento em que a epidemia de covid-19 se encontra generalizada na comunidade em toda a região e país”, não foi pedida pela Câmara do Porto, não foi pedida pela Proteção Civil do Porto e não foi pedida pela Proteção Civil Distrital, refere em comunicado a autarquia.
“Nenhuma destas instituições e nenhum dos seus responsáveis, incluindo o presidente da Câmara do Porto foi contactado, avisado ou consultado pela Direção-Geral da Saúde”, acrescenta a Câmara do Porto..
Caso a medida, ’inútil e extemporânea fosse tomada, tornaria impossível o funcionamento de serviços básicos da cidade, como a limpeza urbana (cuja maior parte dos trabalhadores não reside na cidade), como a recolha de resíduos (cuja LIPOR fica fora da cidade), como o abastecimento e acessos a dois hospitais centrais (Santo António e São João) estariam postos em causa”, adverte o executivo independente.
A Câmara do Porto sustenta que não pode concordar com uma medida dessa natureza, baseada em "estatísticas sem consistência científica ou fiabilidade, emitidas diariamente pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e cujas variações demonstram a sua falta de credibilidade. Muito menos faz sentido isolar uma cidade quando à sua volta a situação epidemiológica nos concelhos limítrofes é em tudo igual".
A confirmar-se a cerca sanitária, este será o terceiro cerco da história do Porto: o primeiro aconteceu em 1832, quando as tropas absolutistas de D. Miguel cercaram a Invicta fiel a D. Pedro IV, e o segundo o da peste bubónica, em agosto de 1899, como medida de defesa do reino.
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