Coronavírus

Covid-19. António Costa diz que não se excedeu e sublinha: “Ou a UE faz o que tem de fazer ou acabará”

Covid-19. António Costa diz que não se excedeu e sublinha: “Ou a UE faz o que tem de fazer ou acabará”
HUGO DELGADO/ Lusa

Em causa está o facto de o primeiro-ministro ter considerado “repugnantes” declarações do ministro das Finanças holandês

Covid-19. António Costa diz que não se excedeu e sublinha: “Ou a UE faz o que tem de fazer ou acabará”

Liliana Coelho

Jornalista

Covid-19. António Costa diz que não se excedeu e sublinha: “Ou a UE faz o que tem de fazer ou acabará”

Susana Frexes

Correspondente em Bruxelas

António Costa considera que não se excedeu declarações relativas ao discurso do ministro das Finanças holandês, que considerou "repugnantes" por este ter dito que Espanha merecia ser investigada por não ter condições orçamentais para responder à crise do surto de Covid-19. Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro garantiu que não houve excesso nas palavras.

"Ou a União Europeia faz o que tem de fazer ou a União Europeia acabará. Acha normal alguém perguntar porque é que Itália e Espanha não têm condições orçamentais para enfrentar estas situações?", questionou o primeiro-ministro, sublinhando que Portugal fechou 2019 com excedente, mas num espaço de um mês o cenário alterou-se completamente devido à pandemia.

Criticando o facto de o ministro holandês ter sugerido que Bruxelas deveria investigar países como a Espanha por não terem almofada orçamental para responder à covid-19, Costa reafirmou que "nenhum país da UE estaria preparado para enfrentar situações com esta dimensão". "É preciso não ter a menor noção do que é viver neste mercado interno para alguém pensar que pode ultrapassar o problema da pandemia na Holanda se isto continuar assim noutros países como Itália", conclui.

Esta quinta-feira, no fim do Conselho Europeu extraordinário para discutir a reação europeia à crise do novo coronavírus, António Costa deixou transparecer uma irritação com os países chamados "frugais" - mais concretamente contra a Holanda, numa declaração violenta e rara entre responsáveis europeus, classificando o "discurso" do ministro holandês das Finanças como "repugnante" e a atitude de alguns países como "mesquinha".

Mark Rutte não comenta “repugnante”

O primeiro-ministro holandês escusa-se a comentar os comentários de António Costa sobre o seu ministro das finanças. Questionado esta sexta-feira sobre as declarações do homólogo português, Mark Rutte responde que "não ajuda fazer comentários" sobre o assunto. "Não foi a nossa intenção ou a nossa escolha de palavras", diz ainda, juntando na mesma resposta uma referência à polémica mutualização da dívida europeia, na qual Portugal e Holanda divergem.

"E, definitivamente, não estamos sozinhos na questão dos Eurobonds", sublinha. Tal como os Países Baixos também a Alemanha, Finlândia e Áustria se opõe à emissão conjunta de dívida da Zona Euro, algo que nos últimos dias tem sido amplamente defendido por um conjunto de pelo menos nove países, incluindo Portugal, França, Espanha, Itália ou Irlanda.

Esta quinta-feira, Costa considerou "repugnante" e mesquinho o discurso que terá tido o ministro das finanças holandês durante a última reunião dos 27 ministros das Finanças (ECOFIN). A propósito do sistema financeiro, Wopke Hoekstra terá considerado que a crise atual mostra que na última década afinal não se reduziu tanto os riscos como se deveria.

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