Coronavírus

Covid-19. Número de infetados aumenta 27%, maioria no Norte do país. Testes negativos disparam

Covid-19. Número de infetados aumenta 27%, maioria no Norte do país. Testes negativos disparam
TIAGO MIRANDA

Mais de metade dos novos casos deram-se na região Norte do país. Número de testes negativos também disparou. Dos 43 mortos até agora, 11 tinham menos de 70 anos

O número de novos casos confirmados de covid-19 em Portugal nas últimas 24 horas é de 633, o que representa uma aumento de 27% face aos 2.362 anteriores.

Segundo os dados divulgados ao início da tarde pela Direção-Geral da Saúde (DGS), a região Norte não só continua a ser a mais afetada em valor absoluto — tem sido assim desde o início — como é a que regista o maior número de subidas. Desta vez, dos 633 novos casos confirmados, mais de metade veio do Norte: 387.

O mesmo se passa no círculo preto com que o boletim da DGS pinta o número de mortes por região. O Norte teve seis dos dez óbitos mais recentes, num total que é agora de 20. Já o país passou de 33 para 43 mortes.

“A letalidade desta doença é muito maior entre os idosos”, afirmou António Sales, secretário de Estado da Saúde, na conferência de imprensa de atualização dos dados, que não o desmentem: perto de 80% das mortes registam-se em pessoas com mais de 70 anos. Aliás, mais de metade são mesmo de pessoas acima dos 80 anos: 13 homens e 12 mulheres. Entre terça e quarta-feira, houve uma morte a registar na faixa etária 50-59 anos, três na seguinte (60-69), duas na casa dos 70 anos, e quatro nos maiores de 80. Dos dez óbitos, três eram mulheres.

Há uma subida do número de doentes internados — eram 203 e passaram a ser 276 —, bem como dos que estão em unidades de cuidados intensivos, que foram de 48 para 61.

O número de pessoas que se curou da doença mantém-se: 22.

GRANDE SUBIDA DE TESTES NEGATIVOS

Na mesma conferência, António Sales frisou que a capacidade de fazer testes em Portugal é de seis mil por dia no Serviço Nacional de Saúde e mais 2.600 nos prestadores convencionados, “o que dá uma capacidade diária de mais 8.600 testes”.

É no resultados dos testes que está uma das principais subidas dos números de terça para quarta-feira. Há 16.569 portugueses que testaram negativo à covid-19, quando na última atualização eram 11.329. É uma subida de 46% (quando no dia anterior tinha sido de 11%), o que indicia também um aumento do número de testes.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirma que vai ser alargada “oferta de testes a pessoas dos lares, e não só”. A partir de agora, com Portugal a entrar na fase de mitigação, passa a ser considerada a capacidade total do país, entre serviços públicos e privados.

Por enquanto, há 1.591 pessoas à espera do resultado do teste laboratorial, que tira as dúvidas sobre uma eventual infeção. E há 21.155 casos suspeitos, que se juntam às 13.624 pessoas a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde.

Os números das autarquias e os da DGS

O número de infetados, como acima se diz, aumentou sobretudo a Norte, onde estão agora 1517 casos confirmados, o que ainda representa mais de metade das infeções em Portugal. Em Lisboa, o valor subiu para 992, seguida da região Centro, com 365 doentes. No Algarve há 62 e o Alentejo dobrou os números: passou de seis para 12. Nas ilhas, Açores com 17 e Madeira com 16 completam o mapa de infeções no país, que tem ainda 14 portugueses com covid-19 no estrangeiro.

Desde terça-feira, a DGS apresenta uma caracterização demográfica dos infetados, com o número de casos detetados por concelho. Acontece que esses valores são válidos para apenas 54% dos casos confirmados em Portugal: a diferença deve-se ao tempo que a informação demora a passar da concelhia à autoridade nacional. “A DGS está a trabalhar em conjunto com as Administrações Regionais de Saúde no sentido de melhorar o sistema e a informação divulgada”, responde a direção ao Expresso.

É essa a explicação para que haja autarquias a divulgar números diferentes dos que aparecem no boletim da DGS. Salvador Malheiro, presidente da Câmara de Ovar, por exemplo, escreveu no Facebook que “o número actualizado de infectados confirmados neste momento no Município de Ovar é 101. O que é bem diferente dos 55 que hoje foram anunciados…”.

A publicação é de terça-feira. Esta quarta a DGS sobe o valor de Ovar para 58, ainda assim longe do que conta o autarca.

Sobre as dúvidas, Graça Freitas foi clara. “Há dados que estão absolutamente certos: o número de mortes é inquestionável, entram à meia-noite numa plataforma eletrónica”, começou por dizer a diretora-geral da Saúde aos jornalistas. “Há dados mais finos, como os que são por concelho, e essa variável pode não vir preenchida no formulário [de reporte], ou seja, só conseguimos recolher informação dos casos que vêm preenchidos no formulário”, acrescentou. “Estamos a afinar. Pode haver aqui pequenos desencontros, mas não há nenhum objetivo de enganar, mentir ou omitir.”

No que o serviço central de saúde do país mostra, Lisboa (175) Porto (126 e Maia continuam a ser os municípios mais afetados, todos acima dos 100 casos, seguidos dos mesmos que eram apresentados no boletim anterior. Quatro a norte — Vila Nova de Gaia (83) Valongo (71) , Gondomar (62) e Matosinhos (56) —, intercalados por um ao Centro (Ovar, 58) e com a lista de dez mais a ser fechada por dois concelhos da região de Lisboa: Cascais e Sintra, ambos com 43 casos.

Mais casos importados de cinco países europeus

Ao contrário do que tinha acontecido no boletim anterior, este traz mais casos importantes. Eram 142, são agora 154 dos mesmos 16 países. Os novos casos importados vêm de França (quatro novos, 30 no total), Andorra (três novos, cinco no total), Suíça (mais dois, 13 no total), Espanha (também mais dois, em 46) e Reino Unido (12 casos importados, mais um do que até aqui).

A faixa etária dos 40 anos continua a ser a mais propensa à infeção: 272 homens e 279 mulheres nestas idades testaram positivo à covid-19. Não muito diferente é o número de homens (252) e mulheres (283) infetados que têm entre 50 a 59 anos.

Acima dos 70 anos, há 536 infetados, o que representa 18% do total de casos. Porém, se olharmos para as mortes, este grupo tem mais de 80%.

No extremo oposto, há 34 crianças até aos nove anos com covid-19, mais nove do que há 24 horas. Na faixa etária seguinte, entre os 10 e os 19, há registo de 87 casos da doença.

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