“Estamos a entrar na fase mais crítica”, começou por afirmar, em conferência de imprensa esta quarta-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, dizendo-se preocupado com a situação nos lares de idosos. “Os casos que começam a surgir nestas instituições são sinais de alerta. Insistimos na importância de adotar planos de contingência nestas instituições”, afirmou.
O secretário de Estado da Saúde anunciou que está a ser “preparada uma resposta ao nível da saúde mental para a fase seguinte à epidemia”. “O SNS continuará a não deixar ninguém para trás”, afirmou.
Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, também presente na conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, explicou o que significa a entrada de Portugal na fase de mitigação, assunto sobre o qual já se tinha debruçado numa conferência de imprensa anterior. “Estamos em fase 3.2, o que quer dizer que temos transmissão comunitária, não exuberante nem descontrolada, mas temos”, esclareceu, acrescentando que às 00h desta quinta-feira será implementado “um novo plano para abordar a covid-19”.
Lares vão poder “recorrer a laboratórios privados para testar idosos e funcionários”
Esse plano prevê, desde logo, que os “lares passem a recorrer a laboratórios privados para testar idosos e funcionários”. “Os testes serão feitos no local mais próximo desse lar, seja no hospital, seja através do INEM ou num laboratório privado”, afirmou Graça Freitas. “Vamos alargar ao sector privado as ofertas de testes a pessoas de lares”, disse ainda, esclarecendo que se houver casos de contágio nos lares o “mais importante” é separar esses idosos dos outros. “Sempre que for possível, essa separação deve ser feita no lar. Quando não for possível, localmente terão de ser encontradas soluções para fazer essa separação.”
De acordo com Graça Freitas, nesse mesmo plano vão ser identificadas “quatro situações de doença diferentes”, com as quais se lidará, também, de maneira diferente. Assim, para os casos ligeiros prevê-se o domicílio e os casos moderados vão ser atendidos nos centros de saúde, em áreas preparadas especificamente para receber esses doentes. Os doentes graves mas não críticos serão atendidos e avaliados no serviço de urgência dos hospitais e os doentes críticos serão internados. “Isto vai aplicar-se no sector público, privado e social.”
Quanto à discrepância que tem havido no número de casos suspeitos reportados a nível local e a nível nacional, isso deve-se, segundo a diretora-geral da Saúde, a questões metodológicas. “Há dados que estão absolutamente certos, com o número de mortes, que é inquestionável. No entanto, há dados mais finos, como os dos concelhos, que podem não aparecer nos formulários, e só estamos a recolher a informação que consta desses formulários”, explicou, admitindo que “pode haver aqui pequenos desencontros, mas não há nenhum objetivo de enganar, mentir ou omitir”.
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