Coronavírus

CUF, Luz e Lusíadas asseguram 432 camas para tratar covid-19

CUF, Luz e Lusíadas asseguram 432 camas para tratar covid-19
ANA BAIÃO

O sector da saúde privada foi chamado a ajudar o Serviço Nacional de Saúde e os três maiores grupos hospitalares portugueses estão prontos para internar e tratar doentes infetados com o novo coronavírus. Das mais de 430 camas para internamento, cerca de cem destinam-se aos casos mais graves e que podem precisar de ventilação

No total, os três maiores grupos de hospitalização privada de Portugal estão a reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) com mais 432 camas de internamento para combater a pandemia covid-19, das quais cerca de cem podem tratar casos graves e que necessitem de ventilação. Até há poucos dias, as unidades do sector privado tinham que encaminhar os casos positivos para os hospitais públicos de referência, mas agora quem for diagnosticado numa unidade da rede CUF, Luz Saúde ou Grupo Lusíadas passa a ser ali acompanhado ou internado, quando a gravidade do estado de saúde o justifique.

Para já, estas unidades apenas vão dar resposta às situações que lhes baterem à porta, mas num cenário de capacidade esgotada em alguns hospitais do SNS, os privados serão chamados a dar resposta à falta de camas.

Na semana passada, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada reuniu com a Direção-Geral da Saúde e foi feita uma contabilidade da capacidade disponível para ajudar o SNS e, nesse encontro, cada um dos grupos apresentou os seus planos de contingência para fazer face ao surto viral. Rede CUF, Luz Saúde e Grupo Lusíadas optaram por segmentar as suas unidades para acautelarem uma separação de segurança entre os doentes com outras condições de saúde que continuam a ser tratados nas suas unidades e os pacientes infetados com o novo coronavírus.

Houve uma reestruturação ao nível dos serviços de urgência, reforço da capacidade de resposta em unidades específicas, desmarcação de consultas ou exames que não são urgentes, bem como uma grande aposta nas consultas online para evitar a deslocação, sem necessidade, aos hospitais ou clínicas.

O Expresso já deu conta dos planos de contingência da CUF e da Lusíadas Saúde, mas faltava conhecer os detalhes das medidas adotadas pela Luz Saúde, liderada por Isabel Vaz e controlada pela seguradora Fidelidade.

Luz concentra covid-19 no hospital de Lisboa

No caso da Luz Saúde a estratégia foi concentrar o diagnóstico e tratamento das pessoas afetadas com covid-19 no Hospital da Luz em Lisboa – recentemente ampliado para o dobro –, em que cerca de 50% da unidade vai estar alocada ao combate à pandemia, apurou o Expresso.

Os circuitos e áreas dedicadas à covid-19 são distintos e separados dos serviços que se manterão abertos para os doentes que ali são acompanhados e que não podem ser transferidos para outras unidades. O hospital terá 61 camas de internamento para casos de coronavírus, das quais 30 com ventilação invasiva e sete com pressão negativa (o que inclui oito camas pediátricas das quais três com ventilação invasiva).

Aos doentes com covid-19 também será disponibilizado um atendimento urgente com circuito separado, uma sala de bloco operatório (cirurgia de urgência e eletivas urgentes) e uma sala para exames especiais de gastrenterologia, uma sala de hemodinâmica e vários serviços de imagiologia (TAC, ressonância magnética, raio-X e ecografias). Também haverá resposta para grávidas infetadas, o que inclui duas salas de parto e uma sala para cesarianas. Estão ainda previstos cuidados paliativos para apoio a doentes em estado terminal e respetivas famílias.

O Hospital da Luz de Lisboa continuará, mesmo assim, a prestar cuidados de saúde a grávidas, incluindo maternidade, urgência de pediatria e cuidados intermédios de pediatria, atendimento urgente de adultos e outros atos urgentes das restantes especialidades médico-cirúrgicas, além de exames de imagiologia, radioterapia ou medicina nuclear.

A exceção será o reencaminhamento para as restantes unidades do grupo dos doentes com a imunidade comprometida, como situações oncológicas.

CUF disponibiliza internamento no Porto e na capital

A rede CUF, detida pela José de Mello Saúde, também segmentou as suas unidades e colocou o Hospital CUF Porto e Hospital CUF Infante Santo, em Lisboa, na linha frente ao tratamento de doentes com infeção pelo novo coronavírus, mantendo, igualmente, a capacidade para atender os clientes que não estão infetados ou de os encaminhar dentro da rede CUF para os restantes hospitais e clínicas.

Os dois hospitais dedicados à covid-19 reúnem 140 camas, das quais 120 de internamento e vinte de cuidados intensivos ou intermédios. A que se somam dois blocos operatórios, serviços de hemodiálise, angiografia, hemodinâmica e imagiologia.

Além de ter reforçado o respetivo parque de ventiladores, a José de Mello Saúde, liderada por Salvador de Mello, vai doar 50 destes equipamentos ao SNS, numa entrega que será iniciada em abril.

Lusíadas reforça no Algarve, Porto e grande Lisboa

A Lusíadas Saúde, controlada pelo gigante norte-americano UnitedHealth Group e liderada por Vasco Antunes Pereira, vai disponibilizar 231 camas de internamento, 54 ventiladores e as respetivas equipas de saúde necessárias nas unidades Hospital Lusíadas Albufeira, Clínica de St.º António, na Amadora, e uma parte específica do Hospital Lusíadas Porto, para diagnosticar e tratar doentes infetados com o novo coronavírus.

Já as restantes unidades do grupo, e onde se inclui também o Hospital Lusíadas Porto, estarão focadas e disponíveis para atendimento às necessidades gerais da população e, em caso de suspeita de doentes infetados com covid-19, os mesmos serão reencaminhados para as três unidades alocadas ao coronavírus, ou, se necessário, para outro hospital do SNS.

Os três grupos irão também dar resposta à covid-19 nos hospitais do SNS que gerem em regime de parceria-público-privada. A Luz Saúde tem a seu cargo a gestão do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, a José de Mello Saúde, está no Hospital Vila Franca de Xira e a Lusíadas Saúde assegura o Hospital de Cascais.

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