“Pandemia” é uma palavra que entrou de tal forma no léxico popular, nos noticiários, nos jornais, que, diria o instinto, a forma mais saudável de lidar com ela seria o afastamento, pelo menos durante o lazer. Mas parece estar a acontecer exatamente o contrário: nesses momentos, as pessoas em quarentena procuram o que mais as perturba, em vez de o que está mais distante. A série documental “Pandemic” é atualmente o programa mais visto da Netflix em Portugal.
Não é caso único. O Reino Unido tem história repetida para contar. “Pandemic: How to Prevent an Outbreak” é uma série que, na descrição da própria plataforma, “segue os heróis na linha da frente contra o vírus da gripe e os seus esforços para impedir a próxima pandemia global”. Se soa familiar é porque é, ainda que comece com a gripe espanhola de 1918 e siga para casos como o do ébola, na República Democrática do Congo. Estreou-se a nível internacional a 8 de janeiro, cerca de dois meses antes de a Covid-19 ser considerada uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde. Desde aí, as audiências não pararam de subir.
Nos Estados Unidos, o filme “Outbreak” — que poderíamos traduzir por “surto”, ainda que o título português seja “Fora de Controlo” — está no pódio dos mais vistos. Trata-se de um filme de 1995. “Contágio” é de 2011, dirigido pelo realizador Steven Soderbergh, e também não está propriamente a perder seguidores com a Covid-19. O que explica então que, em vez de tentar fugir, procuremos no lazer os mesmos temas, as mesmas angústias?
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