Coronavírus

Covid-19 é oficialmente uma “pandemia”, “palavra que não é para ser usada de forma leviana”. Qual é então a diferença para “epidemia”?

Covid-19
Covid-19
Callista Images

Organização Mundial da Saúde mudou a definição do novo coronavírus que tem alastrado pelo mundo: deixou de ser epidemia e passou a pandemia. Refira-se que mais de 66 mil pessoas que contraíram o vírus em todo o mundo já se curaram

O briefing da Organização Mundial da Saúde (OMS) desta quarta-feira trouxe uma mudança significativa: a Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, foi oficialmente declarada uma “pandemia”. Quase três meses depois de se ter iniciado na cidade chinesa de Wuhan, o vírus que entretanto alastrou ao resto do mundo deixa de ser tratado como “epidemia”.

No Twitter, e na voz de Tedros Ghebreyesus, diretor-geral, a OMS avisa que “pandemia não é uma palavra para se usar de forma leviana ou sem cuidado”. “É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou uma aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários.”

Mas, afinal, qual é a diferença?

De acordo com a definição da própria OMS, uma epidemia é um surto de uma doença que se espalha, a nível local, regional ou nacional, de forma inesperada. O C.D.C, organização norte-americana dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, diz que ela acontece quando se dá “um aumento, muitas vezes repentino, no número de casos de uma doença acima do que normalmente é esperado” para essa área.

Por oposição, a OMS definiu a pandemia como “a disseminação mundial de uma nova doença” que afeta um número elevado de pessoas. De acordo com a última contagem, a Covid-19 já foi diagnosticada em mais de 122 mil pessoas de 121 países - há mais de 66 mil curados.

Ser declarada uma pandemia não é propriamente uma surpresa. “A ameaça de uma pandemia é cada vez mais real”, disse o mesmo Ghebreyesus na semana passada. O hiato de tempo entre a disseminação do Covid-19 e a declaração da OMS tem sido explicado como uma tentativa de travar o pânico, por um lado, e por outro por se ter acreditado até aqui que o surto podia ser contido e delimitado a determinados países.

O que muda com a declaração de pandemia?

A partir de agora deixa de fazer sentido pensar em conter a Covid-19. Trata-se de uma “pandemia”, ou seja, uma “nova doença disseminada internacionalmente”. Por isso, os países deixam de tentar travar a entrada de novos infetados e passam a ter de se preocupar com a forma como a doença se transmite entre os seus cidadãos.

Quando há uma epidemia num país, os outros podem fechar-se e enviar ajuda ao país, ou países, afetados. O envio de máscaras e material de proteção para Wuhan no início do surto é um exemplo das medidas que se tomam nesses casos.

Mas quando se passa para uma pandemia, todos os países são considerados infetados e, por isso, cada um deve olhar para dentro das suas fronteiras e tentar trabalhar a cura ou a resolução da doença - mais do que a prevenção. As organizações internacionais como a OMS ou as Nações Unidas são obrigadas a dividir os recursos pelo mundo, o que significa novas dificuldades, necessidade de mais pessoas, mais dinheiro, mais capacidade de abastecimento para combater a doença.

“Nunca tínhamos visto uma pandemia provocada por um coronavírus”, avisa a OMS, que diz estar totalmente focada no combate desde que foi diagnosticado o primeiro doente. “81 países não reportaram qualquer caso de Covid-19 e 57 países reportaram 10 casos ou menos. Não conseguimos dizer isto alto o suficiente ou com clareza suficiente ou frequência suficiente: todos os países ainda podem mudar o curso desta pandemia.”

Atualmente, em todo o mundo há registo de 121.564 casos confirmados de infecção; há 4.373 mortes confirmadas (3.046 na China) e 66.239 pessoas já recuperadas.

Portugal deve entrar dentro das próximas horas na chamada fase de mitigação, que se caracteriza pela transmissão local em ambiente fechado e transmissão comunitária. Esta é a última fase de resposta.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jdcorreia@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate