Sociedade

Contra a captura ilegal de aves, "diga NÃO aos passarinhos na gaiola e no prato"

5 novembro 2014 16:55

Carla Tomás

Carla Tomás

Jornalista

Pisco-de-peito-ruivo apanhado numa armadilha

foto spea

Há aves silvestres que continuam a ser servidas como "passarinhos fritos" ou comercializadas na internet, apesar da sua captura ser ilegal. O alerta foi dado esta semana por várias organizações não-governamentais do ambiente, que avançam com a campanha "Diga NÃO aos passarinhos na gaiola e no prato"

5 novembro 2014 16:55

Carla Tomás

Carla Tomás

Jornalista

A toutinegra-de-barrete, o pisco-de-peito-ruivo, o pintassilgo e o tentilhão estão a ser servidos como petiscos em cafés e restaurantes ou vendidos na internet, apesar de haver interdição à caça e captura destas aves selvagens.

Estas práticas continuam a ser detetadas sobretudo nas regiões de Faro, Lisboa e Porto, de acordo com um estudo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), com o apoio da BirdLife International e de várias entidades nacionais. 

Para colocar o tema na ordem do dia, a SPEA - em parceria com os centros de recuperação de fauna selvagem CERVAS e RIAS, A Rocha, a LPN e a Quercus - avançou, esta semana, com a campanha "Diga NÃO aos passarinhos na gaiola e no prato"

 "A captura ilegal de aves em Portugal continua a ser um problema, que pode ter impactos na biodiversidade nacional", alertam os ambientalistas em comunicado.

 

Mais de 55 mil aves selvagens capturadas por ano

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves estima que sejam abatidas ou capturadas ilegalmente 55 mil aves por ano e alerta que, das duas uma: "Ou a lei não está adequada à realidade, ou não o estão os procedimentos". Há pintassilgos e verdilhões que vão parar a gaiolas, águias imperiais e pica-paus vendidos online em sites como o OLX, e piscos ou toutinegras servidos como "passarinhos fritos" no Algarve.

Apesar das aves em causa não serem espécies cinegéticas, os ambientalistas relatam que "a captura é feita através de armadilhas, redes ou uma espécie de cola artesanal (visgo), que faz com que as aves fiquem presas pelas penas". A lei nem sempre é clara e há contradições visíveis. E exemplos não faltam, entre os quais o facto de ser proibido vender aves selvagens, mas em sítios como o OLX se encontrarem diariamente anúncios de venda de aves de rapina ao lado de bicicletas. Ou ainda ser proibido o uso de armadilhas para capturar aves, mas estas poderem ser vendidas nas lojas de caça.

Em 2013, as autoridades nacionais apreenderam 567 aves selvagens autóctones aprisionadas ilegalmente, que terão sido devolvidas ao seu habitat natural ou encaminhadas para centros de recuperação. Porém, "os casos em que as coimas são aplicadas são ainda uma minoria face à realidade nacional", consideram as organizações ambientalistas. Por isso, apelam a "uma maior sensibilização da população", já que "a captura ilegal em Portugal está ainda enraizada e é encarada em muitas regiões como algo normal e aceitável".

E sugerem que "o Ministério do Ambiente atue com urgência" e que as pessoas denunciem as situações ao Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente da GNR (SEPNA) através da linha SOS Ambiente e Território (808 200 520) ou do email sepna@gnr.pt.