Ciência

Nasceu Retro, um macaco clonado com uma “estratégia” mais eficaz – mas cientistas recusam hipótese de a testar em humanos

Retro já tem três anos e meio
Retro já tem três anos e meio
ZHAODI LIAO ET AL / NATURE COMMUNICATIONS

Esta experiência torna mais próxima a possibilidade de replicar seres humanos. No entanto, o cientista chinês que liderou a clonagem de Retro afirma que isso seria “completamente inaceitável”: “Nem sequer pensamos nisso”

Nasceu Retro, um macaco clonado com uma “estratégia” mais eficaz – mas cientistas recusam hipótese de a testar em humanos

Mara Tribuna

Jornalista

Nasceu Retro, um macaco rhesus clonado a partir de uma nova estratégia que adiciona células precursoras da placenta, anunciou esta terça-feira uma equipa de cientistas chineses liderada por Qiang Sun.

Não é a primeira vez que nasce um macaco clonado: a mesma equipa anunciou, em 2018, que tinha conseguido replicar duas macacas caranguejeiras. No entanto, desta vez foi utilizada uma “nova estratégia” que “melhorou significativamente a eficácia da clonagem de macacos, tanto em termos do número de embriões transplantados como do número de fêmeas grávidas utilizadas”, esclarece Qiang Sun em declarações ao “El País”.

Há seis anos foram utilizados 109 embriões, dos quais 79 foram transferidos para 21 fêmeas, o que por sua vez resultou em seis gestações. Mas, no final, nasceram apenas as duas macacas caranguejeiras (Zhong Zhong e Hua Hua).

Já desta vez a experiência foi mais eficaz, tendo em conta a relação entre embriões transferidos e gravidezes: a mesma equipa de cientistas chineses usou na altura 113 embriões, transferiu 11 deles para sete fêmeas, conseguindo duas gestações e um único nascimento. Retro já tem três anos e meio, “está a crescer e a ficar mais forte todos os dias”.

Os primatas são um grupo de mamíferos que abrange macacos, símios, lêmures e seres humanos. Nesse sentido, esta experiência torna mais próxima a possibilidade de replicar humanos — algo negado por Qiang Sun: “[Isso seria] completamente inaceitável. Nem sequer pensamos nisso”, afiança.

Contudo, em 2018, Poo Mu-ming, um dos investigadores da mesma equipa, afirmou também ao jornal espanhol: “Não existem barreiras à clonagem de primatas, pelo que a clonagem humana está mais perto de se tornar uma realidade”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mtribuna@expresso.impresa.pt

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