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O “hacker” português que é campeão do Mundo: “Sempre preferi ser polícia a ser ladrão. Ganha-se bastante bem no lado dos bons”

Pedro Ribeiro, especialista em cibersegurança, iniciou-se no segmento dos ciberataques a pedido na década passada
Pedro Ribeiro, especialista em cibersegurança, iniciou-se no segmento dos ciberataques a pedido na década passada
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No primeiro trabalho como hacker contratado para descobrir vulnerabilidades de empresas, Pedro Ribeiro descobriu uma forma de alterar os mecanismos de uma casa de apostas para que estivesse sempre a ganhar proventos como apostador. Hoje, ganha a vida a lançar intrusões, a pedido das próprias empresas: é considerado um “hacker” que trabalha do lado do bem

O trabalho de Pedro Ribeiro na KPMG, uma empresa de auditoria, no Reino Unido, ia de vento em popa, mas o engenheiro de informática de Coimbra não conseguia parar de pensar em migrar para o departamento ao lado: aí havia operacionais especializados em ataques e tentativas de intrusão para empresas que pretendiam testar as proteções de redes usadas em escritórios, fábricas ou até carros e infraestruturas urbanas.

Sem poder migrar na KPMG, Pedro Ribeiro mudou de empresa e passou a disponibilizar serviços de consultoria de cibersegurança, que têm por base testes de intrusão. É assim que hoje, aos 38 anos de idade, ganha a vida, a partir da Tailândia, em paralelo com um canal de YouTube e concursos de cibersegurança, como a edição de 2021 do Pwn2own, realizado em Tóquio, que lhe haveria de valer prémios de cerca de 102 mil dólares em 2021 - é uma espécie de Campeonato do Mundo dos hackers “bons”.

Com a Internet e os chips a chegarem a todos os equipamentos da sociedade, recorda que nenhuma tecnologia substitui a mentalidade certa. E admite que os carros conectados à Internet podem abrir um novo vetor de ataque, tanto para serviços de espionagem que querem eliminar diplomatas inimigos como para os ladrões de carros que souberem evoluir na escala da sofisticação. É sobre estas e outras ameaças que o especialista em cibersegurança vai dissertar no evento que a Konica Minolta vai levar a cabo na terça-feira, com a denominação PME +Digital.

Quando é que decidiu que ia passar a dedicar-se aos testes de cibersegurança em redes empresariais?
No final do mestrado, consegui o meu primeiro emprego em segurança informática, que estava relacionado com auditorias… Olhávamos para os controlos que uma empresa tem, o que faz com a informação, e como trata a informação e víamos se há algo de errado nesses processos. Pode ser um trabalho interessante, mas entretanto comecei a ficar com inveja dos meus colegas de empresa que faziam testes de penetração (em redes informáticas), que no fundo são simulações de ataques. Pus alguma pressão sobre os meus chefes da empresa, para ver se conseguia mudar de trabalho, mas, paradoxalmente, eles estavam muito felizes com o meu trabalho e não queriam que mudasse. Foi isso que me levou a sair da empresa e a tentar fazer a minha vida como… hacker, digamos assim. Aí passei a ser autodidata. Qualquer pessoa com motivação suficiente consegue aprender na Internet, há muitos recursos disponíveis para se aprender a ser hacker.

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