“Sinto-me numa guerra. Sei que me vão rebentar com a casa”. É assim, sem rodeios, que Artur Vieira descreve a “bomba” que caiu sobre a sua vida tranquila em Serzedo, uma pacata freguesia de Vila Nova de Gaia. Um sábado de manhã, em março, dois técnicos bateram-lhe à porta. Traziam más notícias. “Explicaram que estavam ali por causa do TGV. Pensei que fosse por causa de um terreno do meu irmão, em frente à minha casa. Disseram-me logo: ‘Não, estamos aqui por causa da sua casa, porque o traçado passa em cima dela’”. Artur ficou em choque. “Achei aquilo tão rocambolesco que até pensei que pudesse ser uma burla. Só mais tarde é que percebi que era mesmo real”. O problema não é só pessoal. O projeto da linha de alta velocidade entre o Porto e Oiã poderá implicar 135 demolições — maioritariamente casas, mas também indústrias e armazéns — em Vila Nova de Gaia.
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