Sociedade

"A proxima semana será difícil" - Governo declara situação de alerta nacional por causa dos incêndios

Em Ponte da Barca o fogo tem dado trabalho aos bombeiros desde sábado
Em Ponte da Barca o fogo tem dado trabalho aos bombeiros desde sábado

A ministra da Administração Interna anunciou que a situação de alerta se estende a todo o território continental a partir da meia-noite. Antecipam-se temperaturas altas e baixa humidade, o que leva o Governo a avançar com novas medidas

"A proxima semana será difícil" - Governo declara situação de alerta nacional por causa dos incêndios

Anabela Campos

Jornalista

"A proxima semana será difícil" - Governo declara situação de alerta nacional por causa dos incêndios

Paula Santos

Diretora-adjunta

Maria Lúcia Amaral avançou esta tarde com a declaração de situação de alerta para todo o território continental a partir da meia noite de hoje.

A ministra da Administração Interna explicou que foi necessário anunciar novas medidas preventivas, perante a prevista subida das temperaturas, acompanhada de baixa humidade.

O Governo decidiu proibir o acesso e a circulação nos espaços florestais, bem como a realização de queimadas e trabalhos rurais e a utilização de fogo-de-artifício. A decisão junta, além do ministério da Administração Interna, as tutelas da Defesa, Infraestruturas, Saúde, Trabalho, Agricultura, Solidariedade e Ambiente.

A declaração decorreu da elevação do estado de alerta especial emitido pelo Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro.

A ministra assegura que todos os meios de combate aos incêndios estão mobilizados e apela “à serenidade” perante uma semana que se prevê “difícil”. Haverá ainda reforço de meios para operações de vigilância por parte da GNR e PSP.

Este sábado, os incêndios em Ponte da Barca e Lindoso, no Alto Minho, distrito de Viana do Castelo, continuam a ser os mais preocupantes. Estão ativos e ainda são considerados pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil como uma "ocorrência grave".

O incêndio de Ponte da Barca, “mantém-se ativo devido aos pontos quentes que podem provocar reativações”, disse já esta tarde o comandante Elísio Oliveira: "com a rotação do vento temos alguns pontos quentes que podem provocar reativações complicadas. Vamos continuar o nosso trabalho para ver se ao dia de hoje conseguimos fechar o incêndio", sublinhou o responsável regional de Lisboa e Vale do Tejo que está em Ponte da Barca a comandar as operações.

Num ponto de situação aos jornalistas, cerca das 13:20, Elísio Oliveira acrescentou que "os meios estão colocados no terreno", tanto por via terrestre como aérea. "A proteção das populações está garantida", afirmou, apontando, no entanto, que há locais de incêndio em que apenas os meios aéreos podem operar.

Logo pela manhã, o incêndio mantinha-se com duas frentes ativas. Entretanto, o combate ao incêndio decorria favoravelmente com a previsão de boas notícias nas próximas horas.

Elísio Oliveira alertava já nessa altura para o facto de o incêndio manter-se "ativo” e que o final da manhã normalmente traz “uma entrada de vento que pode provocar reativações em locais” onde estão atualmente “a trabalhar na consolidação do rescaldo”. Tratando-se de pontos critícos não há “a garantia de que o incêndio não vai sair do perímetro já atingido”, disse.

“Elísio Oliveira precisou que só quando houver “a garantia de que o incêndio não passará para novas áreas”, será dado “como dominado”. E prosseguiu: “isto é um combate muito injusto. Apesar de todo o trabalho feito por todos os operacionais das diferentes entidades, sejam os bombeiros, que são o principal agente e têm feito um trabalho extenuante no teatro de operações, acompanhado por elementos do ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas], das equipas de sapadores florestais, por elementos da GNR (…) bastará uma rotação do vento em locais onde não é visível a chama e ele [o incêndio] irá fazer arranques que podem comprometer toda esta operação”.

Sobre ferimentos sofridos no teatro de operações, o comandante relatou que na sexta-feira houve “duas situações, um elemento do ICNF que sofreu uma queda e foi transportado ao hospital, um ferido ligeiro com traumatismo no membro superior, e outra situação de um acidente que recusou o transporte ao hospital. Portanto, nenhuma situação grave”.

Elísio Oliveira revelou ainda estarem envolvidos nas operações “dois helicópteros ligeiros" e que irá “entrar um helicóptero bombardeiro pesado e duas parelhas de aviões bombardeiros (...), mais um helicóptero de coordenação”.

As temperaturas estão elevadas e vão continuar a subir nos próximos dias. Prevendo-se para este sábado uma temperatura máxima de 38 graus para Ponte da Barca, com uma mínima de 19. E depois é sempre a subir até quarta-feira.

Para domingo, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê uma temperatura máxima de 40 graus, subindo para 41 graus na segunda e para 42 graus na terça, só voltando a descer na quarta-feira, para os 35 graus.

Mais de mil operacionais envolvidos, casas fora de perigo

Na sexta-feira ao fim da noite, o comandante José Miranda, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, considerou que o incêndio de Ponte da Barca, com zonas de acesso difíceis, continuava com “uma frente ativa a arder com grande intensidade”. Avançava então que havia "algumas infraestruturas, como armazéns" próximos, "mas habitações não". Disse também que é o único fogo que continua a ser "preocupante".

Estão envolvidos no combate a este incêndio de grande dimensão, que começou no passado domingo em Ponte da Barca e chegou esta semana ao concelho de Terras do Bouro, 607 bombeiros, 201 carros e dois helicóptero. O incêndio já consumiu mais de seis mil hectares do Parque Nacional da Peneda-Gerês.


A situação dos incêndios no país esteve na noite passada mais calma, com Arouca dominado e Vila Verde "com bom prognóstico", disse fonte da Proteção Civil à Lusa.

Ainda assim, segundo o comandante José Miranda, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, nestes três palcos de operações estavam envolvidos um total de 1148 operacionais e 401 veículos.

Em Arouca, o fogo já "está dominado", mas ainda mobiliza 413 operacionais e 151 viaturas.

Quanto a Vila Verde, das três frentes de incêndio inicialmente ativas, duas já estavam extintas, e apenas uma está ativa, mas com “bom prognóstico”, esperando-se "o domínio deste setor" do fogo.

A maioria dos distritos das regiões do Norte, Centro e Algarve continua hoje sob risco máximo de incêndio, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.


Atualisado às 13:30, depois de declaração da MAI

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