Sociedade

Primeiro túnel do Plano Geral de Drenagem de Lisboa já chega a Santa Apolónia, mas intervenção afetará metro até abril de 2026

Obras do primeiro túnel do Plano Geral de Drenagem de Lisboa
Obras do primeiro túnel do Plano Geral de Drenagem de Lisboa
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O primeiro túnel do Plano Geral de Drenagem de Lisboa já liga Campolide a Santa Apolónia. A obra promete aliviar a cidade das cheias, mas a construção vai obrigar ao encerramento parcial do metro durante oito meses

O primeiro túnel do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), com uma extensão de cinco quilómetro entre Campolide e Santa Apolónia, ficou esta terça-feira concluído. A infraestrutura, construída a uma profundidade entre 40 e 70 metros, tem como objetivo principal mitigar o risco de cheias na cidade e permitir o reaproveitamento da água da chuva.

A conclusão da obra foi assinalada ao início da tarde numa cerimónia que reuniu o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, e a comissária europeia do Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Cultural Competitiva, Jéssica Roswall.

Hoje é um dia muito feliz para Lisboa. É um dia histórico, porque esta é a maior obra da Europa continental. Não há nenhuma como esta, afirmou Carlos Moedas, sublinhando que o túnel passa sob a Avenida da Liberdade, o Hospital de Santa Maria e a Avenida Almirante Reis, até terminar em Santa Apolónia.

Segundo o autarca, este projeto protege os lisboetas das cheias, mas também se prepara para os efeitos das alterações climáticas e da escassez de água. Em causa está um reservatório com capacidade para 17 mil metros cúbicos, onde a água da chuva poderá ser armazenada e reutilizada.

A ministra do Ambiente destacou também a importância da obra na eficiência hídrica da cidade: É a maior obra na Europa continental e está totalmente alinhada com as prioridades do Ministério Público e do Governo. A água, para nós, implica qualidade, disponibilidade e combate às perdas e ineficiências.

A comissária Jéssica Roswall corroborou a relevância da iniciativa. A resiliência em matéria de água é uma das prioridades da Comissão Europeia. Projetos como este são um exemplo. Precisamos de ação, e estou muito impressionada com este trabalho, afirmou.

Contudo, a conclusão do túnel vai implicar impactos significativos na mobilidade da cidade. A passagem da estrutura é ao lado da estação metropolitana de Santa Apolónia e vai obrigar à realização de obras de reforço estrutural das paredes da estação, que irá resultar no encerramento temporário de sete a oito meses, a partir de setembro, de acordo com o jornal “Público”.

Esta intervenção, considerada imprescindível por razões de segurança, irá interromper a ligação da Linha Azul à estação de caminhos-de-ferro, e estima-se que só retome no final de abril de 2026, no melhor cenário.

Durante este período, os passageiros serão obrigados a efetuar transbordos por autocarro entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia. O plano de transportes alternativos ainda não foi divulgado.

Vamos ter de avançar com obras para reforçar o interior do túnel do metro, a partir de setembro ou outubro. Deparámo-nos, nesta ponta final da obra aqui em Santa Apolónia, com algo imprevisível. Os solos à volta do túnel do metro não eram tão bons como pensávamos, explicou José Silva Ferreira, diretor-geral do PGDL.

A descoberta da fragilidade dos solos na zona envolvente da estação levantou dúvidas quanto à estabilidade da estrutura subterrânea do metropolitano. Constatado este problema, havia duas maneiras de o resolver. Ou segurávamos as terras em volta do túnel, ou o fazíamos por dentro. Como se percebeu que as terras não são boas, vamos ter de segurar a estação por dentro, colocando grandes argolas para reforçar as paredes, acrescentou ao Público.

Texto escrito por Nadja Pereira e editado por Hélder Gomes

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