Mestrado garante salário 80% mais alto que o ensino secundário
Quem tem mestrado ganha até 80% mais do que quem só concluiu o secundário
Ter um mestrado representa um salário cerca de 80% superior ao de um trabalhador com apenas o ensino secundário, revela o relatório nacional “Balanço Anual da Educação 2025”, citado pela agência Lusa, que alerta também para desigualdades no acesso aos ciclos mais avançados do ensino superior.
O estudo, desenvolvido pelo Edulog – o ‘think tank’ para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo –, mostra que jovens com maior qualificação têm não só melhores salários como também mais facilidade em encontrar emprego.
Um trabalhador com mestrado ganha em média 80% mais do que alguém com o 12.º ano. No caso dos licenciados, a diferença salarial é de 45%. Apesar disso, os investigadores chamam a atenção para a baixa presença de alunos carenciados nos cursos de mestrado.
Entre 2018 e 2023, a percentagem de licenciados que transita diretamente para mestrado subiu cinco pontos, atingindo os 40%. No entanto, a continuidade dos estudos depende fortemente do contexto socioeconómico, reforçando desigualdades entre diplomados.
A taxa de transição é mais alta entre licenciados cujos pais têm ensino superior (48%), enquanto entre os restantes é de apenas 37%. Esta disparidade agravou-se nos últimos cinco anos.
Também há diferenças entre instituições: 58% dos licenciados em universidades públicas seguem para mestrado, face a apenas cerca de 25% nos institutos politécnicos.
O abandono escolar precoce é mais comum entre os estudantes que são os primeiros da família a frequentar o ensino superior. Esses alunos enfrentam mais obstáculos: menos apoio familiar, menor capital cultural e dificuldades económicas. O valor das propinas entre licenciatura e mestrado contribui para essa barreira.
A qualificação também influencia o acesso ao mercado de trabalho. Antes da pandemia, as taxas de desemprego eram semelhantes entre níveis de ensino. Atualmente, mestres enfrentam menos desemprego: cerca de 4,7%, contra valores superiores a 10% entre diplomados dos CTeSP e mais de 6% entre quem tem apenas o ensino básico.
Os licenciados em saúde apresentam a taxa de desemprego mais baixa (1,2%). Também os formados em matemática, estatística, engenharias, informática, ciências e educação registam níveis de desemprego abaixo dos 2%.
Por outro lado, áreas como jornalismo, serviços sociais, arquitetura e construção continuam a registar maiores dificuldades de integração profissional.
Os autores do estudo sublinham que as oportunidades no mercado de trabalho começam a definir-se logo nos primeiros anos de vida, com o acesso à creche e ao pré-escolar, e seguem-se pelas escolhas no ensino secundário e superior. A transição para o mestrado surge como um dos pontos mais críticos no combate à desigualdade educativa.
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