Sociedade

Câmara de Lisboa aprova aumento da taxa turística para entrar em vigor em setembro

Câmara de Lisboa aprova aumento da taxa turística para entrar em vigor em setembro
Antonio Pedro Ferreira

Taxa turística de dormida passará de dois para quatro euros por noite e por hóspede

A Câmara de Lisboa aprovou esta sexta-feira a proposta de aumento do valor da taxa turística de dormida, de dois para quatro euros por noite, após consulta pública, pretendendo a entrada em vigor a partir de 1 de setembro.

Em reunião privada do executivo camarário, a proposta de PSD/CDS-PP, que terá ainda de ser submetida à assembleia municipal, foi viabilizada com os votos contra do PCP e os votos a favor dos restantes, designadamente os proponentes, PS, Livre, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e BE, disse à Lusa fonte do município.

A proposta, que foi apresentada a consulta pública, por um período de 30 dias, mantém-se inalterada quanto à ideia de aumentar o valor da taxa turística de dormida, passando de dois para quatro euros, por hóspede e por noite.

O documento inclui também a atualização da taxa turística de chegada por via marítima, de um para dois euros, por passageiro, ainda que o valor que agora se propõe atualizar é o que começou a ser aplicado este ano, com o início da cobrança desta taxa aos passageiros de cruzeiro.

Segundo a proposta a que Lusa teve acesso, a câmara pretende "a entrada em vigor da Taxa Municipal Turística de Dormida a partir de 01 de setembro e da Taxa Municipal Turística de Chegada por Via Marítima no dia seguinte ao da publicação da alteração ao Regulamento em Diário da República".

Em 17 de abril, o executivo municipal aprovou a proposta de PSD/CDS-PP para submeter estas alterações a consulta pública, com a abstenção do PCP e os votos a favor dos restantes vereadores.

Nessa altura, a liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, sugeriu incluir os parques de campismo na cobrança da taxa turística, mas o PS propôs a eliminação dessa medida, o que foi aprovado com os votos contra de PSD/CDS-PP e BE.

Essa alteração proposta pelo PS mantém-se no documento apresentado após consulta pública.

Minimizar o impacto do turismo

Apesar de ter antecipado o voto a favor do documento final, a vereação socialista avisou que a taxa turística "não pode servir para remendar as contas da autarquia", exigindo à liderança PSD/CDS-PP que clarifique o "destino do adicional de 40 milhões de euros", resultante do aumento proposto.

"Mais ainda quando se corre o risco deste aumento ter como objetivo compensar os cada vez mais notórios problemas de tesouraria e liquidez da autarquia", apontou o PS, lembrando que "só nos primeiros seis meses deste ano" a Câmara de Lisboa contraiu dois empréstimos no valor de 133 milhões de euros e pelos quais aceitou pagar 43 milhões adicionais em juros.

Os socialistas defenderam um plano que minimize os impactos do turismo na cidade, reforçando as verbas destinadas à higiene urbana, à fiscalização do alojamento local e da lei do ruído, mais investimento na Carris e alívio da pressão nas zonas sobrecarregadas de Lisboa.

Em resposta, fonte do gabinete do presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), disse que "são falsas e desonestas as declarações do PS a propósito da taxa turística e do empréstimo que o atual executivo foi obrigado a pedir".

"Houve entendimento e compromisso entre o executivo dos 'Novos Tempos' [coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança] e o PS em relação aos investimentos que a Câmara Municipal de Lisboa prevê concretizar com as verbas da Taxa Municipal Turística", informou a mesma fonte, em resposta escrita à Lusa.

A liderança PSD/CDS-PP ressalvou ainda que a verba da taxa turística "não é uma receita consignada, pelo que não se pode fazer uma imputação direta entre a receita e determinada despesa".

Fonte do gabinete de Carlos Moedas reforçou que as verbas arrecadadas com a Taxa Municipal Turística se destinam a contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes de Lisboa, explicando que este é "um desígnio para o qual os turistas são chamados a contribuir, por se reconhecer que a sua atividade, para além dos inegáveis efeitos positivos que representa para a economia e o emprego na cidade, tem, naturalmente, um impacto em atividades nucleares como a higiene urbana, a manutenção do espaço público, a mobilidade, entre outras".

Em relação à questão dos empréstimos, a mesma fonte indicou que "o PS tem vindo a bloquear um conjunto de investimentos ambiciosos" que o atual executivo camarário pretende concretizar, em áreas fulcrais como a habitação e a ação social, "não deixando outra alternativa que não o recurso a este mecanismo".

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