Presidente do INEM de saída uma semana depois de ter sido indicado pelo Governo, substituto é o médico Sérgio Dias Janeiro
Vítor Almeida
ESTELA SILVA/LUSA
Informação avançada pelo Jornal de Notícias dá conta que Vítor Almeida terá feito exigências (entretanto recusadas) ao Governo relacionadas com a renovação do contrato para os helicópteros de assistência médica. Este é o mesmo dossiê que resultara na demissão do antecessor, Luís Meira
O médico anestesista Vítor Almeida, nomeado presidente do INEM (em regime de substituição, enquanto se promovia um novo concurso) pelo Governo a 3 de julho, após demissão do antecessor Luís Meira, não irá continuar no cargo por sua decisão.
A notícia foi avançada esta sexta-feira pelo Jornal de Notícias e confirmada, entretanto, pelo Ministério da Saúde, que explica que, “nos contactos com a tutela durante a última semana", Vítor Almeida concluiu que “não estavam reunidas as condições para assumir a presidência”, por “razões profissionais” e face ao "contexto atual do instituto”.
Em comunicado, a tutela avança já que o Governo decidiu nomear Sérgio Agostinho Dias Janeiro para presidente, “em regime de substituição por 60 dias, por vacatura do cargo”.
Sérgio Dias Janeiro é militar (Tenente-Coronel) e médico especialista em Medicina Interna. É também, atualmente, diretor do Serviço de Medicina Interna do Hospital das Forças Armadas, onde, de 2022 a 2023, ocupou o cargo de Diretor Clínico do Serviço de Urgência.
Segundo o Jornal de Notícias, a saída de Vítor Almeida (estaria, tal como Sérgio Dias Janeiro, no cargo apenas por 60 dias) está relacionada com exigências feitas por este ao Ministério da Saúde, relacionadas com a polémica dos helicópteros de emergência médica — exigências que a ministra Ana Paula Martins terá recusado.
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Vítor Almeida, anestesista de formação e médico no hospital São Teotónio, em Viseu, era desde há muito um nome em cima da mesa para presidir ao INEM, ele que participou nos últimos três concursos abertos pela CReSAP para o cargo e foi mesmo em 2023 um dos candidatos escolhidos para assumir funções, tendo então o Governo socialista optado por manter Luís Meira.
Luís Meira demitiu-se em julho após reunião com Ana Paula Martins. Na origem da demissão esteve a polémica que envolve a renovação do contrato para os helicópteros de assistência médica — e que levanta dúvidas sobre o novo ajuste direto para o socorro aéreo.
O concurso para o serviço de transporte aéreo de doentes levaria a uma troca de acusações pública, com o Ministério da Saúde (a tutela terá ignorado, noticiou o Expresso, as propostas do INEM sobre helicópteros de socorro) a criticar o instituto por ter deixado terminar o prazo para o lançamento do concurso público internacional, obrigando a novo ajuste direto