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De costas para o mar, a Leirosa espera “de luto”: “Foi tão rápido que a gente não sabe como acontece”

Praia da Leirosa, no sul da Figueira da Foz
Praia da Leirosa, no sul da Figueira da Foz
NUNO BOTELHO

A comunidade no sul da Figueira da Foz procura respostas pelo naufrágio que levou três pescadores da terra, com outros três ainda desaparecidos. Os pescadores já reformados lamentam os mortos, mas deixam uma resposta às várias teorias lançadas sobre o naufrágio: “O mar é a coisa mais falsa do mundo”

Ao largo da praia do Samouco, no concelho da Marinha Grande, um helicóptero sobrevoa o “Virgem Dolorosa”. Em terra, algumas pessoas assistem às buscas, apontam, procuram avistar a traineira que esta madrugada naufragou, a cerca de dois quilómetros da costa. Alguns familiares presentes pedem privacidade. “Como devem imaginar, não é uma altura fácil”.

Uns quilómetros à frente, na Figueira da Foz, a comunidade da Leirosa junta-se ao lado do mar, abalada pelos três pescadores que morreram no naufrágio e pelos três que continuam desaparecidos. Sentados junto ao paredão, os pescadores e as suas famílias consolam-se e esperam por mais notícias, de costas viradas para as ondas e para o areal que se perde de vista. Um pescador e familiar de um dos náufragos suspira: “O que é que quer que lhe diga? Estamos de luto”.

“A maioria [dos náufragos] é da mesma família, mas é como se fossem todos da mesma. Somos uma comunidade unida, que se apoia uns nos outros”, diz Mário Fernandes, um pescador reformado, de 62 anos. Aponta para os camaradas e para o mar, explica que quando um sofre, todos sofrem.

Vítor, familiar de um dos pescadores do “Virgem Dolorosa”, acrescenta que “aquele barco era tudo família”. “Estamos todos doentes. Não tem explicação”, afirma.

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